A história do papel moeda no Brasil é bem curiosa, mas antes de falarmos sobre o tema você precisa saber que a Casa da Moeda do Brasil foi criada em 1694, quando o nosso território ainda era colônia de Portugal. Desde então, o dinheiro daqui já recebeu diversos nomes, como o Real, que no plural era chamado e conhecido como Réis! Também passamos várias vezes pelo Cruzeiro e suas variações até chegarmos novamente ao singular Real.
A primeira cédula ou nota em papel registrada no país foi a de mil réis, em 1833, e era conhecida como "Troco do Cobre". Nota que circulou em um período em que a falsificação das moedas de cobre, logo após a Independência começou a atingir os limites do que era suportável, até começar a ameaçar as finanças do país. O nível de falsificação era tão grande que as autoridades da época aceitavam os cobres falsos até mesmo em pagamentos de impostos. Uma cidade de Minas Gerais concentrava uma produção tão aberta de moedas falsificadas que passou a ser chamada pelo mesmo nome, Moeda! Mas não pense que as moedas de cobre do Brasil eram falsificadas somente na cidade de “Moeda”, elas também eram falsificadas nos Estados Unidos.
Após muitos problemas com a falsificação, foi na Bahia que surgiu a ideia de trocar todo o cobre circulante por papel moeda. A sugestão veio do cônsul inglês que interferia abertamente na política local. Existe até mesmo uma carta do presidente da província ao Imperador que diz: "O Cônsul inglês (...) me sugeriu aquele plano, e até me lembrou que um dos comissários nomeados deverá ser o desembargador Luís Paulo de Araújo Basto, membro da Câmara dos Deputados, que, reunindo em verdade tais qualidades, reúne também a de ser membro do corpo legislativo".
Após a interferência do tal Cônsul inglês, foi decidida em 1827 a retirada das moedas em circulação e a troca forçada por papel-moeda, foram nomeados comissários para fiscalizar a operação. O afilhado do cônsul, apesar da honestidade que lhe foi atribuída por meio de indução ao nepotismo, este, não foi aceito.
O Troco do Cobre teve grande receptividade. Alguns exemplares resistiram ao tempo e hoje são muito valiosos.
Enquanto os falsários agiam em todo o país, o Tesouro era obrigado a criar legislações punitivas como; cortar um cobre falso ao meio e entregar a moeda a quem pertencer. Ao ser julgada falsa, estava sujeita a todas as disposições, sanções e vergonha pública, pois a moeda de cobre que era visivelmente imperfeita em seu cunho, ou que tivesse de menos a oitava parte de seu peso, eram devolvidas ao seu envergonhado dono.
A Bahia emitiu as notas do Troco do Cobre em valores que vão de 10 a 100 mil-réis. No Ceará existem registro de apenas uma nota de 500 réis. Além das emissões provinciais também foram feitas notas de circulação nacional. A primeira é de 1833, valores diversos, assinadas pelo "Thesoureiro do troco". Ainda em 1833 foi lançada uma segunda série discriminando a província em que deveria circular. Há também uma emissão da República de Piratininga.
Não podemos esquecer que antes da criação do Banco do Brasil, o Tesouro Nacional era o órgão do governo responsável pela emissão e, nessa época, ainda na década de 40, cada nota era assinada por um funcionário do setor onde as notas eram verificadas e posteriormente colocadas no meio circulante nacional.
Devemos lembrar que antes das notas que você usa hoje em dia, o País tinha um papel moeda considerado cultural por muitos notafilistas. A cultura no papel moeda cobrou um alto preço, e muito por causa dos vários padrões que vigoraram em uma intensa busca pelo controle da inflação e da estabilidade econômica do país gerada desde os anos finais do império e pela instituição da República, mas isso não quer dizer que o dinheiro atual não tenha cultura. A preservação ambiental também é uma importante forma de cultura. O único detalhe? Nunca caiu nas graças da maioria dos notafilistas e até mesmo dos brasileiros. Ainda preferimos as notas impressas para homenagear figuras históricas como; Juscelino Kubitschek, Duque de Caxias, princesa Isabel e muitos outros.
MULHERES "REAIS" NO DINHEIRO BRASILEIRO - Lutar pela igualdade é uma bandeira de todos! Em um passado muito distante tivemos algumas mulheres homenageadas nas notas brasileiras, e em um outro momento, num passado menos distante, tivemos uma terceira mulher ou simplesmente a figura de uma mulher "homenageada" no vigor do padrão real. Na atualidade, essa figura feminina estampada em notas brasileiras, pouco representa nossas mulheres e tão pouco nossa república, pois o empréstimo de uma imagem europeia (um hibrido da revolução francesa) não mostra as lutas, dificuldades e vitórias daquelas que tanto fizeram e fazem por nosso país. Nos dias atuais, não tivemos mulheres "verdadeiras" homenageadas em nossas notas, temos que nos contentar com a lembrança das aparições da Princesa Isabel e da escritora Cecília Meireles entre as homenageadas.