O tempo passou e o Governo dos Estados Unidos está mais uma vez sob o risco de não pagar suas dívidas por causa de um impasse sobre o aumento do teto da dívida, e estamos de volta ouvindo e lendo rumores sobre a cunhagem de uma moeda de platina com valor facial de um trilhão de dólares.
A ideia do Departamento do Tesouro - United States Mint - seria cunhar uma moeda especial feita de platina com um valor nominal de $ 1 trilhão. O Departamento do Tesouro Americano depositaria essa moeda em sua conta no Federal Reserve, dando a si mesmo US $ 1 trilhão para gastar. Isso permitiria ao país continuar pagando as contas e os juros da dívida nacional – evitando assim o calote – sem estourar o teto da dívida imposto pelo Congresso.
Essa é uma ideia historicamente desastrosa, mas algumas pessoas acham uma ideia engenhosa. Por isso o debate em torno da cunhagem dessa moeda ronda os noticiários desde 2011. Os dois lados do debate são habilmente expostos e defendidos nos Estados Unidos, mas infelizmente não será lá maior efeito devastador.
As economias emergentes irão sofrer. Você pode concordar ou não com a nossa opinião. Cunhar ou imprimir dinheiro é sempre uma manobra perigosa, e uma moeda de 1 trilhão de dólares, certamente não é o caminho para sair de uma crise econômica.
Quer saber como isso afetaria o nosso país? Cunhar ou imprimir mais moedas seria um problema, não uma solução. A razão é simples: o excesso de dinheiro em circulação elevaria os preços das mercadorias e detonaria o equilíbrio da economia. Em outras palavras, sair fabricando dinheiro gera inflação, a inimiga número 1 de dez entre dez economistas. "Se a saída fosse a cunhagem e impressão de mais moedas, não haveria países pobres". Na economia, é necessário que a balança da produção de bens de um país e a quantidade de dinheiro fique sempre equilibrada. Uma economia saudável cresce porque o volume de mercadorias fabricadas e a quantidade de dinheiro aumentam juntos. Agora, se o governo resolve fabricar mais moeda enquanto a produção permanece a mesma, os preços sobem.
Quero dar um exemplo simples: suponhamos que o botijão de gás custe 100 reais e que cada trabalhador receba uma ajuda também de 100 reais para comprá-lo. Se o governo resolver dobrar o valor da ajuda para 200 reais - imprimindo mais dinheiro -, esse dinheiro novo no meio circulante poderia até impulsionar a economia, mas só por um curto prazo. Logo depois, os comerciantes irão perceber que o povo está com mais dinheiro e automaticamente irão aumentar o preço do gás.
As pessoas até podem ser enganadas por um tempo com esse truque econômico. Mas, se ele for repetido por vezes, logo será percebido. Chamamos isso de aquecimento artificial da economia. Por causa disso, hoje em dia a Casa da Moeda acaba imprimindo dinheiro mais para substituir as notas velhas e rasgadas do que para injetar dinheiro extra no mercado. Mesmo assim, é um volume considerável de dinheiro que vai para a rua todo ano.
Voltando ao
caso americano. Essa manobra, se fracassada, poderá e deverá somente arranhar
suas finanças, mas irá afetar negativamente e de forma devastadora economias
como a do Brasil, que tanto depende dos indicies atrelados ao dólar. Isso nos
empurrará para mais próximo da beirada que leva ao abismo econômico.
Se formos
deixar a economia de lado e pensar por um momento em numismática, veremos que
nunca teremos essa tal moeda em mãos. Quem somos para falar da economia
americana? Somente um país que tenta não quebrar e colecionadores que ousam
sonhar.