A invenção da moeda não tem confirmações históricas que possam de fato cravar onde e quando ela foi inventada, embora existam estudos numerosos em torno do tema. Há quem remonte as primeiras moedas ao rei de Lídia, Creso, no século VI a.C.
Hoje iremos até Portugal, país em que a história da moeda coincide, em muitos momentos, com a história de Espanha, embora cada país emitisse as suas próprias moedas. Em comum, elas apresentavam uma proximidade no tipo de desenho e confecção.
No século XIX, entre os reinados de D. João VI e D. Manuel II, um total de oito monarcas cunhou moedas, utilizando metais simples e unidades como réis, peças, cruzados e escudos. Na sua maioria, tinham o busto do soberano no anverso e o escudo do país no lado oposto.
Algumas moedas da República Portuguesa têm enorme valor e são consideradas raras. E muitas destas peças já estão repousando em acervos. A cada ano fica mais difícil encontrar essas peças de forma casual.
Claro que não é a nossa intenção destrinchar a história monetária de Portugal em nosso artigo, mas para compreender e chegarmos ao nosso objetivo, precisamos saber que as moedas portuguesas eram geralmente produzidas nas casas de cunhagem de Porto, Lisboa e Paris. As primeiras moedas comemorativas foram cunhadas em 1898, em comemoração ao 400º aniversário do descobrimento do caminho para a Índia.
Em 1917, surgem as primeiras moedas republicanas, acompanhadas de uma mudança de unidade. Nessa data, 100 centavos passam a equivaler a 1 escudo, substituindo-se os réis. O reverso da moeda, por vezes era trocado por um busto feminino com um gorro, figurando a República.
Elementos como a caravela, passaram a ser frequentes, indicando um povo de navegantes e descobridores. As moedas comemorativas também passaram a ser mais comuns, como a de 10 escudos de 1928, que comemora a Batalha de Ourique, outras que homenageiam o príncipe Henrique – o Navegador, e a Ponte 25 de Abril.
ATIVIDADE DA IMPRENSA NACIONAL CASA DA MOEDA – INCM - Tem como atividade a cunhagem de moedas correntes e de moedas de coleção comemorativa, para fins numismáticos e de colecionismo. A cunhagem da moeda corrente, para satisfazer as necessidades de circulação monetária no Estado português, é uma atividade com sete séculos de história.
As moedas correntes e de coleção, podem ter um cunho em acabamento mais simplificado, e são colocadas em circulação pelo seu valor facial. As moedas em acabamento especial são comercializadas pela INCM, são sempre acompanhadas por um certificado de garantia emitido pela entidade.
COMO OS PORTUGUESES CLASSIFICAM O ACABAMENTO ESPECIAL DAS MOEDAS DE COLEÇÃO NO PAÍS? – A classificação é um pouco diferente daquilo que observamos por aqui, mesmo com a coincidência das nomenclaturas. O acabamento especial português compreende três tipos:
Flor de cunho (FDC) – são moedas selecionadas pela qualidade de acabamento superficial provenientes das primeiras séries de cunhagem, cunhadas sobre discos metálicos escolhidos e com cunhos novos.
Brilhante não circulada (BNC) – são moedas que apresentam o campo e os relevos uniformemente brilhantes, cunhadas sobre discos metálicos especialmente preparados e com cunhos polidos.
Prova numismática (Proof) – são moedas que apresentam o campo espelhado e os relevos matizados, cunhadas sobre discos metálicos especialmente preparados e com cunhos foscados e polidos.
COMO OS PORTUGUESES OBSERVAM O VALOR DAS MOEDAS DE COLEÇÃO? - A numismática é a ciência que estuda as moedas e todos já sabem disso. A moeda é avaliada por nossos colonizadores por sua relevância econômica, história e artística, é objeto de estudo de colecionadores e de numismatas ou “monetários”. Este último, é o profissional que se dedica ao estudo da numismática e que tem competências para avaliar o valor correto das suas moedas. No Brasil o numismata é o grau mais alto da pirâmide do conhecimento, mas em Portugal a autoridade no assunto fica para os “monetários”.
Os monetários também consideram outros aspetos, que vão desde o ano de cunho, o escultor envolvido no projeto, série ou tema, o metal, o tipo de acabamento, tipo de emissão, e estado de conservação. Não é muito diferente daquilo que observamos aqui no Brasil.
Algumas moedas portuguesas consideradas valiosas:
50 centavos
Ano: 1938
Valor: entre 450€ e 500€
5 centavos
Ano: 1922
Metal: bronze
Valor: entre 500€ e 750€.
10 escudos
Ano: 1942
Metal: prata
Valor: entre 500€ e 1100€
2,5 escudos
Ano: 1937
Metal: prata
Valor: entre 800€ e 1000€.
10 centavos
Ano: 1969
Valor: entre 1000€ e 1100€.
20 centavos
Ano: 1921
Valor: 1300€
20 centavos
Ano: 1922
Valor: 1800€
20 centavos
Ano: de 1922
(mm)
Valor: 3200€
1 escudo
Ano: de 1935
Metal: alpaca
Valor: entre 4500€ e 5000€.
50 centavos
Ano: 1925
Metal:
bronze-alumínio
Valor: 7000€.
2 centavos
Ano: 1918
Metal: ferro
Valor: 500€
PRIMEIRO ESTUDE E OBTENHA CONHECIMENTO! – Não adianta sair por aí enviando e-mails para todos os vendedores, comerciantes e estudiosos da numismática. Procure estudar e conhecer ou descobrir o tipo de moeda que você tem em mãos. Hoje você pode contar com ferramentas gratuitas, como o Collectgram, para pesquisar qualquer informação gravada na moeda e muitas outras informações podem ser obtidas por lá.
O catálogo do Collectgram vai permitir descobrir vários detalhes, que ajudam a determinar se a moeda é rara, escassa ou comum. Através deste recurso, pode informar-se sobre o metal, peso, diâmetro e tipo de emissão, isto é, se foi destinada a circulação comum, para comemorar alguma data, personalidade ou outros temas.
ORIGINALIDADE - A numismática atual depara-se com o problema das réplicas modernas de moedas, falsas e ilícitas. Na sua maioria, são confeccionadas com características semelhantes às originais. Compare os detalhes da sua moeda com as imagens do Collectgram, procure pela moeda nesse importante catálogo virtual e compare os detalhes.
QUANTAS FORAM CUNHADAS? - A maioria das moedas modernas têm registo das quantidades emitidas. Trata-se de um requisito legal em todos os países, uma regra que regulamenta o dinheiro em circulação. Apenas as moedas realmente antigas podem causar certa dificuldade na comprovação deste número, por não terem muitas vezes um registro preciso da cunhagem oficial.
Para os portugueses a coisa não é tão diferente do que acontece aqui no Brasil. Via de regra, quanto menor for o número de moedas emitidas por ano de emissão, mais escassa é e mais importância tem. No entanto, alguns “reguladores” do mercado determinam que uma moeda de baixa emissão não valha mais que outra com tiragem maior. É aquela malandragem de sempre.
OS CUIDADOS COM A CONSERVAÇÃO E ANOMALIAS - Quanto mais bem conservada estiver, mais valorizada é a moeda. No meio numismático português, as moedas podem ser classificadas por graus de conservação, que podem agregar ou depreciar determinada moeda.
Uma pequena marca de cunhagem ou defeito podem aumentar significativamente o seu valor, assim como um erro de grafia de legenda, a falta de algum detalhe ou outra coisa que possa diferenciar a sua moeda das demais (as anômalas, nova moda aqui no Brasil).
VOCÊ TEM UMA
MOEDA PORTUGESA VALIOSA? - Se você possui uma moeda portuguesa valiosa,
entre em contato com um numismata ou um colecionador experiente em moedas
portuguesas. Faça sua pesquisa particular e mantenha-se fora do caminho dos
aproveitadores, procure um especialista com relevância e indicação, só assim você
saberá o real valor da peça.
Fonte: National Geographic