OS CARIMBOS NAS CÉDULAS – Uma solução criativa, mas pouco atraente.



Quem nasceu antes do Plano Real, mais precisamente antes de julho de 1994, teve a oportunidade de conhecer alguns padrões monetários adotados pelo Brasil. O surgimento do Plano Real trouxe ao Brasil a sonhada estabilidade monetária. Antes do Real, a inflação girava em torno de mais de 2.000% ao ano, e com a introdução do plano, vimos uma redução tão impactante que em dado momento o Real foi equiparado com a moeda americana fixando seu valor em 1 por 1.

Para que possamos ter ideia da estabilidade financeira de nosso país, precisamos voltar nossa atenção ao meio circulante, nele, indícios são percebidos. Hoje não temos mudanças tão gritantes em nosso dinheiro, e ele pouco mudou desde o seu lançamento em 1994. Tivemos a saída da cédula de 1 real, foram adicionadas as cédulas de 2 e 20 reais, enquanto a cédula de 100 reais continua sendo a de maior denominação. Esse tipo de mudança discreta não afetou drasticamente o Plano Real, mas atualmente, nossa estabilidade financeira corre sérios riscos, mas isto é um assunto para outra oportunidade.

No passado a instabilidade financeira era o maior inimigo dos brasileiros, onde tínhamos um ambiente constante de hiperinflação e uma mudança ainda mais constante de padrões monetários, bem como, de suas cédulas. O aumento desenfreado da inflação destrói a moeda nacional, pois os preços sobem de forma desordenada e precisa-se de mais e mais cédulas para comprar um determinado produto que antes você compraria utilizando menos recursos, ou seja, uma determinada cédula comprará cada vez menos. Assim, um governo possui duas opções. Uma reforma drástica na moeda corrente ou a impressão de cédulas com valor nominal mais elevado, para garantir que as pessoas carreguem menos dinheiro para seus gastos.


Politicamente, mudar uma moeda pode parecer algo invasivo na economia de um país, mas ainda é considerada uma ação menos traumática do que a impressão de cédulas com valores nominais mais elevados. Este último método, geralmente é percebido como o fim da linha de um determinado padrão monetário.

Economicamente, quando um governo imprime cédulas de valores mais elevados eles estão tentando salvar a economia de uma forma historicamente equivocada. Imprimir valores elevados, gera menos gastos de impressão ao governo (pois, produzir dinheiro custa dinheiro) e alivia os combalidos cofres em caso de hiperinflação.

Nosso povo é muito criativo mesmo em tempos de crise, onde o uso de carimbos para validar um padrão monetário (dando novo valor facial para uma cédula), foi uma das medidas encontradas para gerar economia aos cofres públicos. Em meados da década de 60 o Cruzeiro Novo circulou no Brasil sem ao menos ter tido uma cédula própria, uma vez que, utilizou o carimbo para validar cédulas do antigo padrão Cruzeiro vigente até o início dos anos 60.


As cédulas que recebiam um carimbo, entre outras coisas, eram readequadas com um corte de zeros para utilização em um novo padrão até que este fosse oficialmente readequado com a impressão de novas cédulas.

A notafilia brasileira é muito rica em cédulas e detalhes, por conta das várias tentativas de acharmos o equilíbrio econômico perfeito. O Plano Real vigora há 25 anos em nosso país, podemos alegar que deu certo, mas devemos cuidar dele para que não seja mais um item histórico em nossas coleções.


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