No momento, as moedas ainda fazem parte do nosso cotidiano, além de
ser considerada uma das mais importantes invenções do homem e prova testemunhal
da história e cultura dos povos ao longo dos séculos. No caso do Brasil, sendo
uma nação que está quase chegando em ¼ do quinto século de sua existência, e mesmo
sendo uma nação jovem, já possui um grande e rico legado numismático.
A trajetória de um determinado padrão monetário, mostra ao longo do
tempo, os períodos de prosperidade e os retrocessos do nosso país sob o olhar econômico.
Muitos foram os padrões monetários até chegarmos ao real.
É comum no anverso de uma moeda encontrarmos de forma garbosa a efígie
do soberano homenageado. No entanto, existe uma face invisível ligada à
produção da moeda, a face do profissional que manuseia os materiais, os
equipamentos e as ferramentas associados ao seu processo de criação. Poucos
foram os artistas que deram vida e materializaram em discos dos mais variados
metais a bela arte de cunhar moedas.
O MOEDEIRO - A profissão de moedeiro é um dos mais antigos ofícios
de Portugal, e consequentemente nosso país também herdou a bela arte portuguesa.
Os moedeiros eram funcionários das Casas de Moeda que assumiam o compromisso
mediante juramento, de ficar à disposição do Provedor, quando fossem chamados a
trabalhar.
Estes funcionários não recebiam remuneração, mas em compensação
usufruíam de uma série de regalias que a lei lhes permitia e garantia. Na sua
maioria, eram "pessoas recomendas em virtude de sua posição social.
Os moedeiros constituíam uma classe altamente privilegiada e esses
privilégios, podem ser listados cronologicamente utilizando Portugal como
exemplo (No Brasil gozavam de privilégios semelhantes), pois entre o reinado de
D. Dinis (1324) e o de D. João V (1750), estavam registados no livro dos
privilégios dos moedeiros, um manuscrito com cerca de 100 folhas de pergaminho
e uma encadernação manuelina de propriedade do arquivo da imprensa nacional na Casa
da Moeda de Portugal.
- Os moedeiros, que podiam ter as mais diversas profissões.
- Prestavam serviço de forma gratuita sempre que eram chamados pelo
tesoureiro ou provedor da casa da moeda, isto é, sempre que era preciso cunhar
uma nova moeda.
- Tinham direito a foro privativo como; cadeia própria, porte de
armas, além de isenção de aposentadoria, de serviço militar, de pagamento de
determinados tributos e impostos, sendo que tais privilégios tinham carácter
vitalício e eram estendidos aos membros da sua família e colaboradores.
O TERMO MOEDEIRO – É bem mais amplo e abrange outras
categorias, uma vez que, eram considerados moedeiros aqueles que concentravam uma
série de funções ligadas ao processo de cunhagem de uma moeda. Existiam
profissionais oficiais da casa da moeda com vencimento fixo e colaboradores que
não eram do quadro permanente da Casa da Moeda como; cunhadores, contadores,
capatazes, guardas da fundição e do cunho, entre outros. Os moedeiros, em sua
maioria, tinham de residir nas cidades onde estavam situadas uma unidade da
casa da moeda ou em seus arredores.
COMO TRABALHAVAM OS MOEDEIROS? Claro que existem sistemas de
fabricação bem mais rudimentares, mas tentaremos alinhar uma cronologia um
pouco mais atual para exemplificar a evolução deste nobre ofício. Até cerca de
1678 era utilizado o sistema manual do martelo que consistia em: A partir de um
cunho fixo se colocava o disco metálico, o moedeiro encostava, seguro por uma
das mãos, o cunho móvel que, por sua vez, recebia uma pancada do martelo,
empunhado pela outra mão. Assim estava definitivamente cunhada uma moeda.
Mas as coisas não permaneceriam assim, pois ao final do século XVII as
maquinas ditam o serviço e são introduzidas as prensas de balancins (máquina
utilizada na cunhagem de moedas), onde era utilizada como força motriz, o vigor
humano, logo depois dando lugar ao vapor até chegarmos ao moderno sistema
tecnológico da atualidade.
Os moedeiros tiveram muitos benefícios como já observamos, mas os privilégios
desta classe seriam finalmente extintos por decreto de D. João VI, marcando o
fim do estatuto social da classe que lhes conferia prestígio e importância,
além de muitas vantagens fiscais.
Atualmente os moedeiros já não gozam dos privilégios de outros tempos,
mas esse fato não torna o ofício menos importante, pois a preservação do
orgulho que sentem desta profissão é percebida nas várias obras de artes que
sempre incorporamos em nossas coleções.
Cunhar moedas é uma arte, apreciar esta arte nos torna privilegiados
por vermos além do valor facial e de seu poder de compra.
Siga colecionando, estudando e aumentando o seu acervo numismático!
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