A série dos Cruzeiros
está de volta! Vimos nos dois últimos artigos o início do que seria o padrão
Cruzeiro. Agora é hora de mergulhar em nosso terceiro capítulo de uma história
repleta de idas e vindas apresentando desta vez o padrão mais forte
consolidado.
O ano é 1943, o Cruzeiro
segue sua jornada, mas é importante voltarmos aos acontecimentos do ano de
1942, onde o Brasil participava ativamente de um período turbulento na história
mundial, visto que em 28 de janeiro de 1942, nosso país romperia relações diplomáticas
com a Alemanha, Japão e Itália por conta da guerra. Esta, naufragou em 26 de
julho o navio brasileiro Tamandaré, torpedeado pelo submarino alemão U-66, nas
proximidades de Trinidad e Tobago. Pouco tempo depois, em 17 de agosto, os
navios brasileiros Itagiba e Arará seriam torpedeados pelo submarino alemão
U-507. Foi de fato um período muito conturbado da história, mas ainda tínhamos
espaço para algo ainda mais importante, pois em 22 de agosto, durante uma
reunião ministerial realizada no Palácio Guanabara, o presidente Getúlio Vargas
declara oficialmente a guerra contra a Alemanha e a Itália. Logo após no dia 31
de agosto, seria decretado o estado de guerra em todo o território nacional.
Mesmo com tamanha
turbulência o Brasil precisava avançar economicamente, e para isso precisaria
de uma moeda forte e capaz de atender as expectativas dos governantes da época.
O padrão Cruzeiro é então instituído como nova unidade monetária no dia 5 de
outubro, por meio de decreto do Presidente Getúlio Vargas. A nova unidade
monetária entraria em vigor no dia 1º de novembro de 1942. Muitos outros
acontecimentos importantes para a história mundial ocorreram no ano de 1942,
mas para a nossa ciência e para o padrão Cruzeiro o ano de 1943 é que de fato
marcaria a emissão das primeiras notas próprias do novo padrão monetário que
até hoje fascina estudiosos e colecionadores de todo o Brasil.
As primeiras cédulas
oficialmente lançadas para o padrão cruzeiro eram autografadas por funcionários
do Tesouro Nacional antes de serem postas em circulação, uma vez que as
microchancelas só seriam utilizadas no dinheiro brasileiro em 1953, implantadas
pelo então Ministro da fazenda, Horácio Láfer.
As cédulas de primeira
estampa e autografadas entraram em circulação no ano de 1943 e posteriormente,
em 1944, foram adicionadas as cédulas de 1 e 2 cruzeiros. As cédulas possuíam
uma cor predominante em azul e trazia a figura de grandes personalidades do
Brasil. É importante lembrar que a primeira estampa foi confeccionada pela
empresa americana, American Bank Note Company.
As primeiras emissões do
cruzeiro contavam com os valores nominais de 1, 2, 5, 10, 20, 50, 100, 200, 500
e 1000 Cruzeiros, representados (em ordem) por figuras de importante relevância
nacional como Marques de Tamandaré, Duque de Caxias, Barão do Rio Branco,
Getúlio Vargas, Deodoro da Fonseca, Princesa Isabel, D. Pedro II, D. Pedro I e D.
João VI. Estes foram os nomes lembrados pelo Thesouro Nacional ao emitir as
primeiras cédulas próprias do padrão Cruzeiro.
IMPORTANTE! – Lembre-se que as notas
de 1, 2 e 5 cruzeiros só foram introduzidas por conta da situação de guerra,
uma vez que havia falta de condições para a emissão de moedas metálicas.
Acontece
que o cruzeiro instituído em 1942, com sua primeira série autografada e
confeccionada pela American Bank Note Company, não permaneceria por muito tempo
sozinho no meio circulante nacional. Em 1948, na gestão de Pedro Luiz Correia e
Castro, então Ministro da Fazenda, foi concebida uma segunda estampa, mas
surpreendentemente um entendimento da época deixou a fabricação das cédulas a
cargo da inglesa Thomas de La Rue & Company Limited. As cédulas da segunda
estampa circularam praticamente juntas com as cédulas de primeira estampa. A
primeira cédula lançada já como segunda estampa seria os 500 cruzeiros,
autografados, datados de 1948 e conhecida como inglesinha. Observe como era
formada a série de cédulas autografadas de segunda estampa.
CURIOSIDADE – Em 1961, Clemente
Mariani Bittencourt, então Ministro da Fazenda, promove uma nova modificação
nas cédulas. Aquelas que até então tinham a descrição “valor recebido”, mudaram
a denominação para “Valor Legal”, também foi suprimido a frase “No Tesouro
Nacional se Pagará ao Portador Desta a Quantia de...”. Ficando apenas “Tesouro
Nacional - Valor Legal.”
A cada artigo iremos
conhecer mais sobre a rica história do padrão monetário Cruzeiro. Não perca o próximo
artigo! Até lá...
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