Dracma de Perozes I (r. 459–484) |
Dracma era um tipo de moeda utilizada na Antiga Grécia e em alguns reinos do Oriente Médio, durante o período helenístico. A dracma é considerada a unidade monetária com maior tempo de circulação no mundo, sendo utilizada na Grécia até o ano de 2002, quando o Euro passou a ser adotado pelos gregos como moeda oficial.
Dracma também pode ser uma medida de peso, equivalente 1.772 gramas e
que ainda é utilizada em alguns países. Este modelo de medida era bastante
utilizado para pesar metais preciosos. Exemplo: dracma inglesa.
A palavra Dracma vem do verbo grego “drássomai”, que significa “eu
seguro” ou “eu pego”, podendo também se referir à palavra “punhado” ou
“quantidade que cabe na mão”.
Por isso, acredita-se que a palavra Dracma se refere originalmente a
um “punhado” de 6 obols. Obol era uma moeda primitiva em forma de barra de
metal. Seis obols era a quantidade máxima que cabia na mão de uma pessoa.
CURIOSIDADE - Relatos históricos afirmam que o salário diário
da maior parte dos cidadãos gregos era de 1/2 Dracma. De acordo com George
Grote, historiador, o valor era considerado adequado para a sobrevivência de um
cidadão considerado pobre para a época (335 a.C.).
SISTEMAS DE VALORES - Para que possamos ter uma noção mais aproximada
da realidade utilizaremos o padrão de Atenas, onde o Dracma era uma moeda feita
de prata, pesando aproximadamente 4,3 gramas. Assim, recriaremos outros valores
de moedas da época, multiplicando ou dividindo a quantidade de prata do Dracma.
Vamos aos exemplos:
MOEDA / VALOR EM DRACMA / PESO
EM PRATA
Dekadracma / 10
Dracmas / 43g
Tetradracma / 4
Dracmas / 17,2g
Diadracma / 2
Dracmas / 8,6g
Dracma / --------------
/ 4,3g
Triobol / 1/2
Dracma / 2,15g
Obol / 1/6
Dracma / 0,72g
REPRESENTAÇÕES ALEGÓRICAS (SÍMBOLOS) - O Dracma em geral era
cunhado para circulação, mas também exercia o importante papel de homenagear heróis,
deuses ou animais sagrados da mitologia grega. Cada cidade-estado da Grécia
Antiga possuía independência e autonomia na cunhagem de suas moedas, por isso,
existe uma grande variedade de símbolos e alegorias sobre os dracmas. Devemos
lembrar que a representação de personalidades relevantes (bustos humanos de
reis ou imperadores) só foi popularizada a partir do período republicano da
Roma Antiga, mais precisamente nas eras finais do período. Observe alguns dos
principais símbolos ou alegorias que cada cidade ou região costumava cunhar em
suas moedas:
CIDADE OU REGIÃO / ALEGORIA OU SÍMBOLO
Acaia / Cabra
Atenas / Coruja (referência à
deusa Atena)
Cnido / Afrodite
Córcira / Vaca
Corinto / Pégaso Alado
Cíclades / Ânfora, cachos de uva
Delfos / Golfinho (referência ao
deus Apolo)
Egina / Tartaruga
Éfeso / Busto de cervo
Lídia / Cabeça de leão de perfil
Macedônia / Bode
Mileto / Leão deitado
Náxos / Dionísio
Focéia / Foca
Pesto / Poseidon e seu tridente
Rodes / Rosa; touro
Siracusa / Quadriga (carruagem
com quatro cavalos)
Tarento / Apolo ajoelhado; Taras
(filho de Poseidon) sobre um golfinho.
Tessália / Cavalo; touro
PROCESSO DE CUNHAGEM – Recriar com exatidão o processo de
cunhagem de moedas antigas é uma missão quase impossível, nos aproximamos de
alguma forma quando observamos as peças da época, onde buscamos deduzir as
técnicas de cunhagem aplicadas há mais de 2 mil anos. Partindo desta premissa,
o Instituto de Arte de Chicago recriou o que podemos chamar de produção de
moedas da Grécia Antiga. O estudo aponta três principais etapas na cunhagem:
1.ª ETAPA – Um molde é confeccionado a partir de uma mistura de
argila com areia, servindo para a produção de um molde que irá resistir a altas
temperaturas. Várias cavidades iguais são feitas no molde.
2.ª ETAPA – Para que as moedas sejam moldadas a partir do molde
confeccionado, entramos com o metal fundido, este, é colocado dentro das
cavidades do molde, assim, serão produzidas peças com o mesmo peso e tamanho,
mas ainda serão discos lisos de alguma liga metálica.
3.ª ETAPA – O cunho. Dois moldes de metal previamente fabricados
com as imagens do anverso e reverso que irão aparecer nas moedas comprimem os
discos ainda lisos. Através de um golpe de martelo os dois moldes de cunho
marcam a moeda em seus dois lados, assim, as moedas recebem a cunhagem das imagens
em alto relevo. A moeda está pronta para circulação.
CURIOSIDADE - No período do ministério terrestre de Jesus,
embora já existisse a presença dos conquistadores romanos a dracma já tinha seu
peso reduzido para cerca de 3,4 gramas. No primeiro século d. C., os gregos
equiparavam a dracma ao denário (moeda romana), mas o governo romano calculava
o valor oficial da dracma como de três quartos de um denário. Em outras
palavras a moeda romana valia mais.
VALOR ATUAL DA DRACMA ANTIGA - A dracma é igual ao denário
(moeda dos conquistadores romanos). Eles estabeleceram que o preço de um dia de
trabalho para um trabalhador braçal equivaleria a 1 denário. Assim podemos
imaginar o que um trabalhador braçal hoje ganha por dia. Tomando como base os
valores atuais, superinflacionados (sem contar com margens de lucros,
margens de risco, impostos, custos operacionais, de marketing, investimentos e etc)
ele valeria o equivalente à R$ 34,75 (R$ 1.042,71 /30 – Já contando com o novo salário
mínimo previsto para 2020). O denário era inicialmente dividido em 10
asses, então com base nesse valor, cada asse vale R$ 3,47. Depois passou a
valer 16 asses, o que deve ter representado um aumento no poder de compra, ou
seja comprar mais com menos, então valeria hoje R$ 2,17. A dracma valia o mesmo
que o denário, embora sendo o dracma uma moeda grega e o denário uma moeda
romana, sabemos que o denário deveria valer mais que o dracma, pois após a
Terceira Guerra Púnica (149-146 a.c.), Roma conquistou a Grécia e outras
regiões do Mar Mediterrâneo. Por esse motivo sabemos que a moeda do Estado
conquistador e dominador valia mais que a moeda do Estado conquistado e
dominado.
IMPORTANTE – Utilizamos o padrão de 12 meses, considerando 30
dias para base de cálculo. O cálculo é simples equiparando o Dracma ao Denário
ATENÇÃO - A dracma grega de prata não deve ser confundida com a
“dracma” de ouro (dar·kemóhn) das Escrituras Hebraicas, uma moeda geralmente
equiparada ao darico persa (8,4 gramas; US$94,50 segundo valores modernos). — Esd 2:69; Ne
7:70-72.
Referências:
- Dracma, Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 1 Aará-Escrita
- Gignoux, Philippe; Bates, Michael (1995). «Dihram». Enciclopédia
Irânica. Vol. VII, Fasc.4. Nova Iorque: Bibliotheca Persica Press
- Casonatto, Oalberto, (2015) Qual o valor da Dracma, ABiblia.org
- Numismática, Jafet, Dracma
- GROTE, George – Historiador, Relato sobre o poder de compra do Dracma
- Instituto de Arte de Chicago - Produção de moedas da Grécia Antiga
- Bíblia Sagrada
- Enciclopédia Britânica, 2010
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