No dia 11 de março de 1940, na
região de Florianópolis, o presidente Getúlio Vargas inaugurou a Colônia Santa
Teresa, destinada a recolher os leprosos do estado. O local era uma antiga
fazenda e era localizada no interior do município de São José. Atualmente faz
parte da área pertencente ao município de São Pedro de Alcântara.
Havia um pequeno comércio no
interior da Colônia Santa Teresa. Nada saía sem controle oficial. Para o
funcionamento do comércio era necessária uma forma de pagamento, e como não
podia haver a circulação do dinheiro comum utilizado no resto do país, foi
sugerida a fabricação de uma moeda paralela, somente para uso na Colônia. Essa ideia
impedia que houvesse o manuseio do dinheiro comum, como uma forma preventiva
para que a doença não se espalhasse facilmente causando danos à saúde dos
residentes da região. Por isso, não é de se estranhar a existência de uma moeda
própria. O pedido para que as moedas paralelas fossem cunhadas foi enviado para
à Siderúrgica Eberle (muito
conhecida pelos trabalhos com prataria), da cidade de Caxias do Sul, RS.
A EBERLE SA, era uma pequena
funilaria, fundada em 02 de abril de 1896, por Abramo Eberle, para fabricar no início
exclusivamente lamparinas. Em 1918, a empresa Abramo Eberle & Cia iniciou a
fabricação de talheres, objetos de cutelaria e pertences para mesa. Entre 1923
e 1928, foi instalada a primeira forjaria, passando a produzir lâminas, espadas
e botões de pressão. Por essa experiência, recebeu a encomenda para fabricação
das moedas da C.S.T. As moedas foram cunhadas com valores faciais de 1000, 500,
300, 200 e 100 réis. No reverso, todas apresentam as iniciais C.S.T., com os
pontos em ligeiro declive para a direita e o último ponto um pouco fora do
padrão dos outros dois. A marca C.S.T. não foi batida de forma a deformar a
face da moeda, porém muitas falsificações apresentam as iniciais visíveis na
face.
A reforma monetária brasileira
promovida pelo governo Vargas em de 05 de outubro de 1942 não afetou o comércio
interno que continuou a utilizando as mesmas moedas com o padrão Mil Réis.
Hoje, estas moedas são comercializadas, geralmente, em séries completas, com os
cinco exemplares. Quando encontradas avulsas, são mais raras aquelas de 300
Réis, talvez por terem sido as mais utilizadas no interior do leprosário,
exatamente o valor do ingresso no cinema.
Existiam vários leprosários e hospicios em todo o país, e era comum a utilização de uma moeda paralela em várias colonias iguais ao leprosário Santa Teresa.
Atualizada em 22/01/2020 às 10h41 - Por Bruno Diniz
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