Quem já foi ao Paraguai
sabe o quanto a moeda local é desvalorizada. Ela é tão esquecida em nosso
continente que seu 76º aniversário (5 de outubro de 2019) passou batido por curiosos, estudiosos e
entusiastas da numismática. Hoje prestaremos uma justa homenagem ao padrão
monetário mais curioso e antigo da América do Sul.
Em 5 de outubro de 1943, nascia
o padrão monetário Guarani. A moeda paraguaia surgiu durante o governo de
Higinio Morínigo, através do Decreto 655. Mas se engana quem acha que o Guarani
teria sido a primeira moeda estabelecida pela República do Paraguai, 102 anos
antes, em 1845, Carlos Antonio López inseriu no regime monetário do país o Peso
Paraguaio. Temos algo muito curioso nessa história! Apesar de ser uma moeda
desvalorizada em nosso continente, o Guarani é hoje a moeda mais antiga em
circulação da América do Sul.
O símbolo oficial da
unidade monetária paraguaia é a letra G, cruzada da direita para a esquerda por
uma barra. As primeiras cédulas de Guarani começaram a circular apenas em 1944,
com as notas de G. 1, 5, 10, 50, 100 e 500.
Desde a sua criação, o
Guarani acumula uma inflação (perda de poder de compra) superior a 300.000%.
Por esse motivo, zeros foram adicionados ao Guarani original ao longo dos anos,
fato que acabou tornando ela uma das moedas com mais zeros no mundo. Apesar
disso, e de um projeto de conversão proposto pelo Banco Central do Paraguai
(BCP), nenhum único zero jamais foi eliminado.
De acordo com o livro “El
Guaraní: 70 anos de estabilidade”, outras denominações foram consideradas
durante os trâmites de criação da moeda. O governo buscava algo curto, de fácil
pronúncia e ao mesmo tempo diferente do Peso. Entre as propostas levadas ao
governo estavam: escudo, leão, nacional, paraguaio, patacón e guarán. Por fim,
optou-se por chamar a moeda de Guarani.
Ironicamente, até 1979,
as cédulas não tinham nenhuma palavra escrita na língua homônima, o guarani.
Somente em 1979 foram adicionados os valores expressos em guarani, para que o
papel-moeda se tornasse bilíngue. Outra característica que foi adicionada ao
longo dos anos foram os relevos utilizados para que os cegos possam reconhecer
o valor de cada uma das notas. O triângulo (G. 10.000), o círculo (G. 20.000),
o pentágono (G. 50.000) e o círculo cortado (G. 100.000), estes relevos ainda
são válidos.
Durante o regime do
ditador Alfredo Stroessner, o Banco Central do Paraguai (BCP) elaborou uma
cédula com a imagem (perfil) de Alfredo Stroessner. No reverso estava a
barragem de Acaray e a intenção era atribuir o valor de G. 50.000. No entanto,
o próprio Stroessner disse que não era apropriado seu rosto aparecer, então
acabou recusando essa opção. A cédula, que não chegou a circular, faz parte da
coleção que pode ser vista no museu do Banco Central do Paraguai.
Outra curiosidade
relacionada à figura do ditador é que, no âmbito da campanha para sua reeleição
em 1978, ele fez uso de notas de G. 1 (Hum Guarani) que já estavam fora de
circulação, nas quais foram carimbadas “Presidente Stroessner”, para serem
distribuídas aos eleitores.
Hoje, todas as cédulas de
Guarani possuem o mesmo tamanho, mas, no início, as cédulas com maior valor
atribuído eram maiores, como forma de educar os cidadãos sobre o uso das
mesmas. Este sistema ainda é usado no Paraguai, mas apenas com moedas.
Com relação ao Real
brasileiro a moeda continua em grande desvalorização, para se ter uma ideia com
R$ 1,00 você poderá adquirir G. 1.516,38.
Fonte: ClickFoz
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