A Independência do Brasil foi o processo que garantiu a emancipação política do território brasileiro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), no início do século XIX, e a instituição do Império do Brasil (1822-1889), no mesmo ano. Oficialmente, a data comemorada é a de 7 de setembro de 1822, em que ocorreu o chamado "Grito do Ipiranga". De acordo com a historiografia clássica do país, nesta data, às margens do riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo), o Príncipe Regente do Brasil, então D.Pedro de Alcântara de Bragança (futuro imperador Dom Pedro I do Brasil), teria bradado perante a sua comitiva: "Independência ou Morte!"e assim foi feito!
Os eventos - O breve relato histórico se faz necessário para que os colecionadores mais jovens entendam a importância destas moedas para a numismática, uma vez que são desprezadas e tratadas como lixo em muitas coleções. foi ai que me bateu uma vontade enorme de pesquisar e descobrir algumas curiosidades sobre essas moedinhas de 1922. Você sabia? Que o Decreto No. 4182 de 13 de novembro 1920 autorizou no artigo 2 a cunhagem de moedas de 500, 1000 e 2000 réis de prata. E que o Decreto No. 4555 de 10 de agosto 1922 no artigo 146 No.1 autorizou a cunhagem de moedas de 500 e 1000 réis para comemorar o centenário da independência do Brasil. Mas por causa de uma crise econômica da época não foi possível cunhar em prata as moedas de 500, 1000 e as de 2000 que na época não chegaram a ser fabricadas, então foi redigido um novo decreto No. 15.620 de 19 de agosto 1922 que indicou as características das moedas de 500 e 1000 réis que agora indicava a cunhagem das moedas em cobre-alumínio. Meses depois foi lançado o decreto No. 15.728 de 12 de outubro 1922 que autorizou a cunhagem de moedas de prata de 2000 réis com o título 900/1000.
A lei No. 4632 de 6 de janeiro 1923 modificou o título das moedas de prata para 500/1000, e o decreto No. 15.936 de 24 de janeiro 1923 reduzia o título das moedas de 2000 réis para 500/1000. Por isso existam moedas de 2000 réis com o título 900/1000 cunhadas até o final de 1922 e moedas de 2000 réis com o título 500/1000 cunhadas a partir de 6 de janeiro 1923. Mas é bom lembrar que a maior curiosidade de todas são os erros que existiam nas moedas de 500 e 1000 que traziam o nome do nosso pais com duas letras B e ignoraram a letra R deixando a moeda com a nomenclatura BBASIL, provavelmente exemplares do primeiro cunho. Sabe-se que na época o gravador Augusto Giorgio Girardet trabalhou como professor de gravura na casa da moeda. Na grande agitação nas oficinas da casa da moeda a retificação do erro no gesso foi esquecido e o modelo de gesso com o erro foi para redução para fabricar os cunhos. O erro foi decisivo para o afastamento imediato de Girardet da casa da moeda. Pois posteriormente ao erro Girardet provocou dirigentes da casa da moeda com os seus reiterados pedidos de reforma da seção de gravura, cujos melhoramentos ele julgava indispensáveis para o melhor desenvolvimento do seu trabalho. E ao errar o cunho de uma moeda tão importante e histórica para o Brasil finalmente a casa da moeda encontrou um motivo para mandar Girardet embora.
Porque as moedas de 500, 1000 e 2000 inicialmente todas de prata foram deixadas de lado?
Por problemas econômicos que marcaram o Brasil na década de 1920, especialmente no ano de 1922, onde ocorreram graves crises econômicas caracterizadas pela desvalorização do preço do café, aumento da inflação e uma séria crise fiscal.
Quem era o Presidente do Brasil nessa época?
Epitácio Pessoa, 28 de julho de 1919 a 15 de novembro de 1922. Nasceu na Paraíba. Foi educado pelo tio, Henrique de Lucena, então governador de Pernambuco. Epitácio Pessoa se formou advogado.
Epitácio Pessoa, 28 de julho de 1919 a 15 de novembro de 1922. Nasceu na Paraíba. Foi educado pelo tio, Henrique de Lucena, então governador de Pernambuco. Epitácio Pessoa se formou advogado.
Outra destacada figura da família foi João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, seu sobrinho. Ingressou na Faculdade de Direito de Recife. Tornou-se professor de Direito e seguiu para o Rio de Janeiro. Encontrou-se com o marechal Deodoro da Fonseca, que lhe foi apresentado por seu sobrinho José Pessoa. Proclamada a República, foi convidado pelo governador Venâncio Neiva para ser secretário-geral do primeiro governo republicano da Paraíba. Foi deputado no Congresso Constituinte de 1890 a 1891, quando destacou-se, e aos vinte e cinco anos de idade revelou-se jurista consumado. De sua atuação na Assembleia Nacional Constituinte, destaca-se o discurso que pronunciou sobre a responsabilidade política do Presidente da República.
Em 1894, resolveu abandonar a política, por discordar do presidente Floriano Peixoto. Foi para a Europa e casou-se com Maria da Conceição de Manso Saião. Epitácio Lindolfo da Silva, bacharel em 1886, professor da Faculdade de Direito do Recife e presidente da República.
Depois foi ministro da Justiça no Governo Campos Sales, quando convidou Clóvis Beviláqua, seu colega como professor da Faculdade de Direito do Recife, para elaborar o projeto de Código Civil, que veio a ser sancionado em 1916, e exerceu simultaneamente o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal e procurador-geral da República de 1902 a 1905.
Levi Carneiro, no "Livro de um Advogado", assinala que Epitácio Pessoa nunca foi voto vencido nos processos em que foi relator. Em 1912, elege-se senador pela Paraíba. Depois foi para a Europa e lá viveu até 1914. Retornou ao Brasil nesse ano e, logo após a morte de Pinheiro Machado, destacou-se no Congresso ao assumir o cargo de relator da Comissão de Verificação de Poderes.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, chefiou a delegação do Brasil na Conferência de Paz de Versalhes, em 1919. Rui Barbosa, indicado chefe da delegação, renunciou, sendo substituído por Epitácio. A delegação brasileira, apoiada pelos Estados Unidos, obteve bons resultados quanto aos problemas que mais de perto interessavam ao Brasil: a venda do café brasileiro armazenado em portos europeus e os 70 navios alemães apreendidos pelo Brasil durante a guerra.
Em 1891 chegava ao Brasil um gravador italiano, Augusto Giorgio Girardet (1855-1955), formado em Roma em 1882. Além de colaborar na Casa da Moeda do Brasil, Girardet foi contratado para lecionar na Escola Nacional de Belas Artes (a sucessora da Academia Imperial). Ele se naturalizou brasileiro e tornou-se o nosso maior medalhista no século XX, mas na sua longa carreira demonstrou um certo imobilismo no seu estilo, não sendo influenciado por novas tendências.
Por Bruno Diniz
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