Desde que foi inventado, o
dinheiro carrega sonhos e esperança dos povos em sua interminável luta pelas conquistas
materiais no mundo moderno. A concepção do dinheiro reflete a capacidade dos
governantes em enfrentar e superar as crises financeiras ao longo da história.
Infelizmente são poucos os
brasileiro que conhecem a importante e valorosa história do meio circulante
nacional. O dinheiro além de ser um meio de pagamento, também nos oferece
cultura e é parte fundamental na compreensão de determinados períodos da
historia do Brasil.
Por este motivo, é com
grande prazer e satisfação que escrevo esta série de artigos sobre o padrão
cruzeiro e todas as suas aparições ao longo da história monetária nacional.
As informações reunidas ao
longo desta série são frutos do esforço e dedicação deste autor e do JORNAL
FILACAP, que nos honra com tão importante espaço em seu jornal trimestral impresso, voltado para a pesquisa e
informação numismática e notafilica brasileira.
Nosso primeiro artigo da
série irá abordar os primeiros cruzeiros que circularam a partir de outubro de
1942, por determinação do Decreto-Lei nº 4.791, onde foi instituído o Cruzeiro
como unidade monetária brasileira, com equivalência fixada de 1.000 réis para 1
cruzeiro.
O
Padrão Cruzeiro foi a primeira moeda a utilizar os centavos no Brasil, e
certamente você desconhece esta informação. O novo padrão que unificaria a
emissão de uma moeda nacional, foi emitida em substituição ao padrão Mil-Réis,
em vigor durante o período colonial, passando pelo reino unido, pela monarquia
e durante as primeiras décadas do período republicano.
O TERMO CRUZEIRO - Uma
das primeiras sugestões para um padrão monetário que se chamaria “Cruzeiro” foi
feita pelo economista Carlos Inglês de Sousa em novembro de 1926 no livro ‘Restauração
da Moeda no Brasil’, onde o economista declarava a necessidade da criação de uma
nova moeda para o Brasil (já exposta em 1924 em seu outro livro ‘A Anarquia Monetária
e suas Consequências’) e onde propunha se substituir a unidade mil-réis pela de
Cruzeiro, se este fosse o nome escolhido.
Contudo, o nome Cruzeiro já
havia sido proposto por Américo Lobo, conforme consta nos Anais do Senado
Federal do Brasil, datados do dia 21 de Setembro de 1891, em meio a república
velha e em substituição ao Real (singular de Réis), nomenclatura considerada
por alguns, à época, uma herança portuguesa indesejada.
O PROJETO DE UMA NOVA MOEDA
- Antes
da escolha e adoção de uma nova moeda, havia o projeto de tornar conversível o
padrão Mil-Réis. No entanto, estes projetos esbarravam no fato de circularem
várias emissões diferentes no mercado, emitidas pela Caixa de Conversão, Caixa
de Estabilização e pelo Banco do Brasil e pelo Tesouro Nacional, tornando
difícil que se organizasse tudo em um único padrão, em especial pela ocorrência
de ágio entre as cédulas conversíveis e aquelas não conversíveis em ouro.
Com
o interesse de melhor organizar as emissões de papel-moeda, houve o projeto inicial
de se criar o Cruzeiro de Ouro, que teria a sua cotação estabelecida no valor
fixado de 10 mil réis "inconversíveis". No entanto, por conta da
crise de 1929 (Crash 29) e da Revolução Constitucionalista de 1930 esse projeto
foi abandonado e somente em 1942 foi lançado o Cruzeiro como substituto do
mil-réis, com a diferença de que o Cruzeiro, emitido em situação de guerra, não
era conversível e era equiparado a moeda antiga na razão de um cruzeiro por mil-réis.
Agora
que já sabemos como nasceu o padrão monetário denominado Cruzeiro, não perca a
próxima edição do JORNAL FILACAP (Após o lançamento impresso a 2ª Parte da série será publicada em nosso blog). Você conhecerá as primeiras cédulas que deram
vida ao novo padrão monetário.
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