Na última terça-feira (04/06) em participação no Programa do Ratinho,
no SBT, o presidente Jair Bolsonaro, confirmou que existe a possibilidade de o
governo trocar as cédulas de R$ 50 e R$ 100 para que o dinheiro seja colocado
em circulação. Segundo o Presidente, a proposta existe, mas depende do aval da
economia para saber se é viável.
— Chegou ao nosso conhecimento
mudar as notas de R$ 100 e R$ 50 no prazo de um ano. Daí quem tem dinheiro
guardado por aí vai ter de se virar. Vai no mercado, bota pra rodar esse
recurso — afirmou.
O presidente não explicou, no entanto, qual seria o argumento para
justificar a troca.
Como colecionador e notafilista, eu deveria estar comemorando se raso
fosse meu entendimento sobre o caso. Infelizmente muita coisa pode acontecer ou
estar acontecendo para que seja preciso mudar a estética das cédulas de R$50 e
R$100 Reais. De grosso modo, afirmo que não sairá barato uma empreitada como
essa. Tenho uma opinião formada sobre o fato e creio que infelizmente estejamos
trilhando um triste e trágico caminho econômico.
SERÁ UM CAPRICHO OU UMA REAL
NECESSIDADE? - O governo atual continua gastando bem mais do que arrecada,
isso vem desde o governo do PSDB e do PT. Nossa dívida pública ainda cresce de
forma descontrolada. Uma dívida elevada custa caro ao país, muito por conta dos
juros que o governo é obrigado a pagar. E quanto mais ela cresce, maior será a possibilidade
do governo não pagar seus credores. Sendo assim, a dívida pública se torna um
investimento arriscado pelo ponto de vista dos credores.
Esse processo de “endividamento público” cria dificuldades para o
governo viabilizar suas ações e de um modo geral financiar suas atividades. Esse
risco espanta investidores. Alguns corajosos e “oportunistas” passam a
financiar o governo exigindo taxas de juros mais altas e abusivas, fazendo refém
um governo em crescente endividamento e a beira de um colapso financeiro.
A conta não para de crescer, as opções para o financiamento do governo
brasileiro se tornam mais limitadas e escassas. Medidas como a aprovação da
nova previdência e o chamado ajuste fiscal, podem contribuir para a retomada da
confiança por parte de investidores, mas ainda temos um longo caminho para
percorrer no tocante a diminuição dos gastos públicos. Se tudo continuar como
hoje, veremos chegar o dia em que o governo repetirá os erros de governos
passados e irá imprimir mais dinheiro. Uma ação de impressão de dinheiro poderá
afundar de vez a economia nacional. A conta é extremamente impagável e em seu
bojo virá uma inflação ainda mais alta.
Talvez a mudança das cédulas de R$50 e R$100 Reais sirva somente de
pano de fundo para que sejam impressas ainda mais cédulas do que as que
circulam atualmente. Seria uma forma discreta de injetar mais dinheiro na economia.
Espero que o governo repense esta ação e opte pela tentativa de aprovar a
reforma da previdência e o ajuste fiscal, medidas impopulares, mas de grande importância
para a saúde econômica do país. As medidas garantem que o governo não precise
recorrer ao famigerado ato de imprimir mais dinheiro para financiar seus gastos.
E ainda nos afastaremos do risco de um temido descontrole inflacionário.
O coração do colecionador clama por algo diferente e novo na
numismática e na notafilia, mas o coração do historiador e brasileiro clama por
mais responsabilidade dos governantes e por medidas efetivas para conter o
rombo econômico e a possível quebra do país.
Fonte: O Globo / EBC / Planalto
Opinião: Bruno Diniz
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