A numismática e a
notafilia na Venezuela nunca mais serão as mesmas, pois são tantos zeros
cortados, tantas cédulas emitidas, tantas idas e vindas que não compensa mais
pegar uma cédula e guardar em nossos acervos como uma possível raridade. Elas
estão jogadas aos montes e por todo lado. E deixando a parte nossas ciências e
estudos, as coisas por lá não estão indo muito bem. Salvo para alguns
simpatizantes da ideologia chavista, o regime do presidente Nicolás Maduro enfrenta
fortíssima resistência em executar negócios ou transações comerciais nos foros
internacionais, o Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda mantém alguma
relação comercial com a Venezuela. E, neste ano, iniciou a exportação de um produto
altamente demandado nas terras de Maduro. O tal do dinheiro em espécie.
Por encomenda, a Casa da
Moeda do Brasil está imprimindo os bolívares usados por nossos vizinhos. A
demanda é grande, porque o valor das cédulas não conseguem acompanhar a hiperinflação,
que pode atingir mais de 1.000.000% até o fim de 2018, segundo estimativas do
Fundo Monetário Internacional (FMI).
A produção de dinheiro
começou em 2018, segundo informou a Casa da Moeda. Não é a primeira vez que o
Brasil imprime dinheiro para outro país. A Casa da Moeda já forneceu cédulas
para Argentina, Paraguai e Haiti.
Sem dar conta de
acompanhar a evolução dos preços, os venezuelanos precisam de quantidades cada
vez maiores de dinheiro vivo. As cédulas de bolívar são hoje o sétimo principal
produto exportado pelo Brasil para o vizinho, segundo dados da balança
comercial. De janeiro a junho, as vendas em dinheiro já impresso totalizaram
US$ 6,8 milhões, além de mais US$ 4,6 milhões em papel que serve para a
impressão de dinheiro.
Em março, Maduro anunciou
que o sistema monetário seria reformado, com o corte de três zeros das cifras.
Assim, mil bolívares passariam a ser um bolívar, mas com o mesmo valor de
aquisição. E a moeda passará a ter outro nome: bolívar soberano.
Mas a inflação é tão alta
que o corte de três zeros já não será suficiente para colocar os preços
venezuelanos num padrão civilizado. Visto esta situação, Maduro informou novamente
uma nova reforma, cortando cinco zeros. Ou seja, cem mil bolívares serão
convertidos em um bolívar, mas a entrada em vigor desta última reforma também
foi adiada e só será colocada em pratica possivelmente ao final deste mês de agosto.
Para mostrar que a
Venezuela não está sozinha na luta contra a inflação, o comunicado do governo
informa que o Brasil cortou três zeros da moeda em 1989, 1992, 1993 e 1994. “Em
uma década, o Brasil eliminou um total de 12 zeros de sua moeda.” Na realidade,
a reforma de 1994 não foi simplesmente o corte de três zeros, mas a implantação
do real, que valia CR$ 2.750,00. O governo venezuelano cita outros casos na região,
como Argentina, Colômbia e Paraguai. Talvez em uma forma desesperada de
resgatar credibilidade com o povo e mostrar ao mercado internacional que existe
uma tentativa de recuperação da economia venezuelana.
Fonte: Infomoney –
Estadão
Complementos e
adaptações: Bruno Diniz
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