Muitos
notafilistas e numismatas procuram informações sobre o Banco do Café e suas
letras hipotecárias, estas se parecem mais com notas de dinheiro circulante da época, mas estas cédulas eram na verdade uma espécie de apólice a ser resgatada pelo próprio Banco do Café. O banco parece ter durado muito
pouco, pois alguns relatos nos oferecem sua existência datada entre 1927 e 1932.
Seu principal objetivo era financiar os cafezais no sul e sudeste do Brasil, uma vez que
o café ainda era dominante na economia nacional.
O
QUE SÃO?
Como disse anteriormente,
mesmo parecendo com cédulas de dinheiro e concebida em tese para cumprir um
papel muito parecido, trata-se de letras hipotecárias, esta informação não
requer muita pesquisa, pois as informações são observadas no próprio anverso das
letras.
➤ Letras hipotecárias - A letra hipotecária nada mais é do que um título de dívida, e ela são emitidas e oferecidas aos investidores por instituições financeiras que são autorizadas a conceder créditos imobiliários, e é um título garantido por créditos imobiliários de primeira hipoteca.
➤ Letras hipotecárias - A letra hipotecária nada mais é do que um título de dívida, e ela são emitidas e oferecidas aos investidores por instituições financeiras que são autorizadas a conceder créditos imobiliários, e é um título garantido por créditos imobiliários de primeira hipoteca.
QUAIS
OS VALORES FACIAIS CONHECIDOS?
Os valores conhecidos são
de 100$000 e 500$000 réis. Essas letras mesmo tendo sido emitidas não possuem
histórico de utilização ou são de alguma forma mencionadas em qualquer
negociação envolvendo o Banco do Café.
Apesar da falta de
informação sobre elas, dois catálogos trazem informações sobre estas curiosas
letras, um deles é o conhecido catálogo J. Vinicius de Cédulas do Brasil
publicado em 1982 e o segundo é o Violo Ídolo Lissa – Catálogo do Papel Moeda
do Brasil de 1987. As informações contidas nos dois catálogos são incapazes de
nos oferecer detalhes sobre a história destas letras, pois tudo que nos é
informado praticamente se restringem aos fragmentos de informações contidas na
própria letra e somente reproduzidas nas publicações. Lissa nos oferece um
comentário que reforça a tese da não circulação dessas letras hipotecarias:
"A finalidade por que
se propôs o Banco do Café não logrou êxito, motivo pelo qual a emissão dessas
letras não chegou a entrar em circulação".
Violo Ídolo Lissa
EXISTEM
PISTAS?
Mesmo com pouca informação
sobre o Banco do Café e suas operações, podemos observar atentamente as
informações das letras. Nelas são mencionados dois artigos legais, o Decreto nº
169-A, de 19 de fevereiro de 1890 e o Decreto nº 370, de 2 de maio de 1890,
respectivamente tratam-se da Lei Hipotecária e a sua regulamentação.
Em pesquisas documentais
foi encontrada uma alteração nos estatutos do Banco. Este respaldado pelo
Decreto Executivo n° 19.792 de 25 de março de 1931 e ainda no Diário Oficial do
Estado de São Paulo de 08 de dezembro de 1932, p.11, uma publicação mencionando
as atividades do banco (ativo e passivo), sua sede na Rua Três de Dezembro
n°14, em São Paulo. Esta publicação foi assinada pelo Diretor-Gerente – Antonio
Augusto Barros Penteado e pelo Diretor Abel H. Drumond.
O prédio do Museu do Café tem em seu interior uma pista importante sobre o Banco do Café. O prédio foi inaugurado em 7 de setembro de 1922, no centenário da Independência do
Brasil. O edifício foi erguido em Santos, então maior praça de café do mundo, e
sediava a Bolsa Oficial do Café. O último pregão aconteceu na década de 1950 e,
até 1986, quando foi desativado, funcionou para divulgar a cotação do café no
mercado internacional.
Dentro do museu uma pista
sobre o banco do café, pois a imagem de uma letra hipotecária é utilizada para
aludir ao período em que o banco atuou no ramo.
AS
LETRAS...
A
descrição contida na letra de 100 mil réis:
Anverso: verde-azulado sobre sépia, em
calcografia e litografia. No centro, figura de duas mulheres – Alegoria da Paz
e da Liberdade.
Reverso: Sépia, em litografia.
Impressão: ABNCo. (American Bank Note Company –
Nova York).
Quantidade: Cerca de 200.000
Séries: 1-4
Data
da impressão: Setembro
de 1929
Emissões
por série: 50.000
Divisão
de emissões por Série: 50.000
peças - Série 1: 1-50.000, série 2: 50.001-100.000, série 3: 100.001-150.000 e
série 4: 150.001-200.000
A
descrição contida na letra de 500 mil réis:
Anverso: Violeta sobre sépia, em calcografia e
litografia. No centro o mesmo quadro alegórico da anterior.
Anverso: sépia em litografia.
Impressão: ABNCo. (American Bank Note Company –
Nova York).
Quantidade: 20.000
Séries: 1-4
Data
da impressão: Setembro
de 1929
Divisão
de emissões por Série:
5.000 peças - Série 1: 1-5.000, série 2: 5.001-10.000, série 3: 10.001-15.000 e
série 4: 15.001-20.000
DESIGNER
POSSIVELMENTE REUTILIZADO
Observem a semelhança
entre as letras de 100$000 e 500$000 mil réis em relação à cédula de 500 mil
réis emitida pelo Tesouro Nacional em 1907 (Amato - R157). Certamente seu
designe foi inspirado nas letras hipotecarias do Banco do Café. Traços idênticos
nos oferecem uma grande possibilidade de terem sido utilizadas como base para
este projeto.
DA RARIDADE...
As letras de 100$000 mil
réis são relativamente comuns e são encontradas em estado de Flor de Estampa. O
estado de conservação destas peças acaba reforçando novamente a tese de que
nunca entraram em circulação. As letras de 500$000 mil réis são raras e também
apresentam uma peculiaridade no reforço da suspeita abordada ao longo deste
artigo, pois ao serem encontradas somente com as inscrições “specimen”, as letras de 500$000 réis
não parecem ter sido emitidas. A pequena palavra “specimen” pode nos contar muito mais do que imaginamos, pois, essa
palavra significa que se trata de uma peça dos arquivos da ABNCo. Uma peça que
foi colocada à disposição da diretoria do banco para possível aprovação de seus
detalhes, e que a ABNCo. aparentemente confeccionou somente 20.000 peças. A
aparição das letras de 500$000 no comércio notafilico, foi observada por volta
do ano de 2007. Ela é procurada por notafilistas e entusiastas.
Fontes
consultadas: Latin American
BankNote Records – American Bank Note Company Archives. Ricardo
M. Magan, Firts Edition, 2005. -
Museu do Café – Santos SP.
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moedas do brasil