Em 1822 o Império Brasileiro dava seus primeiros passos após sua independência, tendo D.
Pedro I como imperador. No Brasil, o imperador passaria por algo muito comum
nos dias atuais, uma vez que no período inicial do império uma profunda crise
estava posta diante de todos. O império brasileiro precisava romper como estrutura
de nação e as dificuldades em organizar esta nova nação eram tremendas e
desafiadoras. O Brasil era como uma grande árvore frutífera nas mãos de Portugal.
Este colhia todos os frutos produzidos e a exploração juntamente com a
utilização desmedida dos recursos, resultou na diminuição da quantidade de ouro
e prata em circulação, de modo que a saída encontrada foi o uso das moedas de
cobre que em pouco tempo já predominavam em todo território.
As moedas não mudaram muito desde o período colonial, mas sofreram alterações
pontuais para serem adequadas ao novo regime político do território. A alteração
mais marcante nas moedas foi a substituição das armas da coroa portuguesa pelas
novas armas do infante Império brasileiro. Nas moedas do império, junto ao novo
brasão das armas, destacava-se a seguinte legenda: IN HOC SIGNO VINCES - Com
este sinal vencerás.
Com a frase e a circulação destas moedas e marcadas com esta legenda,
o império mandava ao povo a mensagem de que estava instituído e forte, mesmo em
meio ao estado de crise, o tempo passou. O padrão réis foi ficando e se fortalecendo,
algumas modificações foram feitas ao longo de sua existência para que
continuasse viável. Os Réis continuariam por muito tempo sendo o dinheiro
oficial do Brasil (A nomenclatura Réis era o plural de Real na época), com a
desvalorização através do tempo novas mudanças foram feitas, e o padrão Réis mudaria
novamente. A missão ficaria a cargo do jovem Imperador D. Pedro II, que no auge
dos seus 8 anos de idade oficializou através da Lei nº 59, de 08 de outubro de 1833,
um novo padrão que passou a designar Mil-Réis como unidade monetária e os Réis
como valores divisionários – Tal como os centavos que utilizamos hoje -. Ainda
no mesmo período surgiria o famoso Contos de Réis, que correspondia a 1 milhão
de Réis. Uma nova família de moedas também foi criada e ainda que com os mesmos
valores de referência dos réis, acabou ficando conhecida como Cruzados.
O império se recuperava e já possuía um padrão monetário instituído e
relativamente estável, pois era preciso garantir o avanço e desenvolvimento econômico
do império. O Império brasileiro era administrador de um território continental,
e que é o Brasil de hoje. Este enorme território demandava recursos em todas as
regiões e manter esse gigante não foi uma tarefa fácil, assim como não é
atualmente. Vendo este desenvolvimento econômico e a demanda os Bancos
começaram a surgir espalhados por todo Brasil. O poder imperial brasileiro
autorizava o surgimento destes bancos e conferia aos mesmos a autorização para
que cada um deles emitisse dinheiro ou títulos ao portador, assim como na época
de D.João VI. Foi um período de mudanças substanciais para o povo brasileiro,
pois o papel moeda chegava para ficar em nosso meio circulante. O dinheiro de
papel facilitava a vida das pessoas, pois substituía as grandes e pesadas quantidades de moedas em metal e facilitava o transporte e
o uso cotidiano do dinheiro em todo território do império.
Mas o império teria problemas. Nosso
sistema monetário tinha cunhado grandes quantidades em moedas de cobre para
suprir o meio circulante e o metal também era abundante, com este cenário as moedas
de cobre começaram a ser falsificadas com grande facilidade. Para por um fim
nas falsificações eram necessárias novas medidas. A partir de 1833 o governo
passou a emitir cédulas do Tesouro Nacional que serviam exatamente para
substituir as moedas de cobre em circulação. Estas cédulas ficaram conhecidas
como “troco do cobre”.
MOEDAS - O que circulava na época com autorização
do império do Brasil:
(Ilustramos somente algumas peças referentes as cunhagens e emissões da época)
Peça da coroação 1822
Vinténs de Ouro - Cobre 1823-1828
D. Pedro I – Ouro 1823-1830
Patacas do Império – Prata 1823-1830
Carimbos primitivos do império 1822-1822
Moedas de cobre cunhadas na:
Casa da Moeda do Rio de Janeiro 1822-1831
Casa da Moeda de Vila Cachoeira 1823-1823
Casa da moeda de Cuiabá 1823-1831
Casa de Fundição de Goiás 1823-1831
Casa da Moeda da Bahia 1824-1831
Casa de Fundição de São Paulo 1825-1829
As moedas ilustradas fazem parte do período: Império, D. Pedro I - 1º. Reinado (1822-1831) período em que D. Pedro I governou o Brasil como Imperador,
compreendendo o período entre 07 de Setembro de 1822, data em que D. Pedro I proclamou a
independência do Brasil, e 07 de Abril de 1831, quando abdicou do trono brasileiro.
CÉDULAS - Papel moeda circulante autorizado pelo Império do Brasil:
(Ilustramos somente algumas peças referentes as emissões da época)
Bilhetes ao portador do extinto 1º Banco do Brasil
Bilhete do 1° Banco do Brasil de 6$000 réis de 1829 (3ª emissão), N°
55298 (Coleção José Benedito de Moura), reprodução a partir da Iconografia do
Meio Circulante do Brasil, 1972 (cerca de 175 X 120 mm). Anverso: No centro,
parte superior, temos a alegoria da Abertura dos Portos e o
“Flussgott”, ou seja, o “deus do rio”. Abaixo da vinheta principal, de ambos os lados,
Alegoria do Comércio (Mercúrio, navegação, cornucópia). Trazia a seguinte
legenda: “Banco do Brazil. O Thesoureiro da Junta do Banco do Brazil pagará á
vista ao portador desta, a quantia de Seis Mil Reis, valor recebido. Rio de
Janeiro ....de .... de 18.... Duas assinaturas. Abaixo, acima da margem branca, o
nome do impressor com a indicação do método de impressão, qual seja, “Perkins
& Heath London – Patent Hardened Steel Plate”.
Cédulas emitidas para o troco do cobre
Estas moedas e cédulas circulavam por todo o império e já era hora de
uma nova mudança, foi quando em 1835 o governo emitiu o que seria sua primeira
família de cédulas próprias, conceituadas e impressas na Inglaterra pela
Perkins, Bacon & Petch. Ainda teríamos de 1835 a 1899 as impressões feitas pela American Bank Note. Somente mais tarde o Tesouro Nacional assumiria as emissões de dinheiro no Brasil.
Impressão feita na Inglaterra pela Perkins, Bacon & Petch |
Impressão feita na Inglaterra pela American Bank Note |
Claro que ainda estamos muito distantes de realidades e estabilidade
de outras moedas de circulação mundial, mas temos uma moeda potencialmente
forte se for bem gerida e um país que possui uma grande vocação para o primeiro
mundo. A ganancia de alguns atrapalha o desenvolvimento de nossa nação, mas
trabalhar pela mudança é algo que nosso país sempre fez. Devemos participar do
processo e ajudar na promoção de bons hábitos em todas as áreas que gerem
interesse comercial em nosso país, pois um país bem visto vai atrair
investimentos e empresas de padrão elevado. Quem sabe o nosso Real não evolui
para melhor! A legenda das moedas lá de 1822 nos oferecem a reflexão que
devemos trabalhar pelo nosso país, pois somente sendo amante da pátria teremos
a real dimensão da vitória alcançada.
Imagens: Moedas do Brasil / Cédulas do Brasil
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