“PÃO E PAZ” – O dia internacional das mulheres e a notafilia brasileira.



O Dia da Mulher é um dia para ser celebrado e lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres até aqui, com extrema sensibilidade a Organização das Nações Unidas foi quem idealizou e colocou em prática esta bela iniciativa, que consequentemente foi adotada por diversos países.

O Dia da Mulher é muitas vezes marcado por presentes simbólicos, como flores, poemas e frases! Eu não tenho como presentear materialmente cada uma das mulheres leitoras do blog, mas o artigo de hoje é dedicado para cada uma de vocês! Pois tenho a plena consciência da história, como homem e estudioso, sei que a luta das mulheres por melhores condições de vida e trabalho começou a partir do final do século XIX, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de 15 horas diárias e a discriminação de gênero eram alguns dos pontos que eram debatidos pelas manifestantes da época.

No entanto, o 08 de março como dia internacional da mulher,  teve origem com as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho, durante a Primeira Guerra Mundial, mais precisamente em 1917. A manifestação que contou com mais de 90 mil russas ficou conhecida como "Pão e Paz", sendo este o marco oficial para a escolha do Dia Internacional da Mulher no dia 08 de março, porém somente em 1921 a data foi oficializada.

Por muito tempo, a data foi esquecida e acabou sendo recuperada somente com o movimento feminista nos anos 60. A Organização das Nações Unidas, em um ato de reconhecimento as mulheres do mundo, decidiu apoiar e dar força ao Dia Internacional da Mulher em 1977. Atualmente, além do caráter festivo e comemorativo, o Dia Internacional da Mulher ainda continua servindo como conscientização para evitar as desigualdades de gênero em todas as sociedades do mundo.

A igualdade e reconhecimento feminino ainda estão bem distantes do desejável. Na numismática e na notafilia, percebemos esta escassez de espaço para as mulheres. Poucas foram as grandes personalidades femininas homenageadas em nossas cédulas e moedas. Não temos tantas colecionadoras e estudiosas desta ciência. Tenho certeza que um dia as mulheres terão seu merecido lugar na sociedade reconhecido pelos homens, pois elas já possuem todos os méritos que em muitos casos são bem mais relevantes e heroicos do que os praticados pelos homens.

Princesa Isabel (1846 – 1921)


No Brasil, poucas mulheres apareceram em cédulas. A primeira foi a princesa Isabel, filha mais velha de Dom Pedro II, herdeira presuntiva do trono no Brasil. Conhecida como “Redentora”, ela foi a primeira mulher a se tornar senadora. A princesa aliou-se aos movimentos abolicionistas incipientes, assinando a Lei do Ventre Livre, em 1871, que foi o primeiro passo efetivo para o fim da escravidão no Brasil – a lei estabelecia que todos os filhos de escravos estavam livres. Em 1888, durante sua terceira e última regência, assinou a Lei Áurea, que extinguia a escravidão no Brasil. Em 1889, foi instaurada a república no Brasil e a família real foi obrigada a buscar asilo na Europa. Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon passou seus últimos trinta anos de vida na França e faleceu em 14 de novembro de 1921 sem ter tido o prazer de retornar a terra que tanto amava.



A princesa Isabel aparece novamente na cédula de 50 cruzeiros, que circulou entre 1967 e 1972. No anverso da cédula está estampado o período de vida da Princesa Isabel (1846 – 1921) e no reverso um painel com o quadro Lei Áurea, de autoria do pintor Cadmo Fausto de Souza. Nove anos depois, em 1981, ela voltou a estampar as notas de 200 cruzeiros, que circularam até 1987.

Cecília Meireles (1901 – 1964)


A poetisa, pintora, educadora e jornalista brasileira é considerada uma das vozes líricas mais importantes da literatura de língua portuguesa. Aos nove anos, ela começou a escrever poesia. E, em 1919, aos 18 anos de idade, publicou “Espectros”, seu primeiro livro de poesias, um conjunto de sonetos simbolistas. Em 1934, ela fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil, localizada no Rio de Janeiro, que durou quatro anos. Cecília publicou mais de 50 livros, envolvendo poesias e ensaios, e atuou em outros meios, como o teatro. Em 1963, ela recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Em 1965, recebeu o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras.

Após sua morte, recebeu como homenagem a impressão de uma cédula de 100 cruzados novos, que foi lançada pelo Banco Central, no Rio de Janeiro, em 1989. Durante o governo de Fernando Collor de Melo, quando houve troca da moeda, o valor foi mudado para 100 cruzeiros, o que justifica algumas cédulas estamparem um carimbo de 100 cruzeiros. No reverso, a gravura à esquerda representa o universo da criança, suas fantasias e o momento da leitura e da aprendizagem. O painel é completado, à direita, com a reprodução de desenhos de autoria da escritora, representativos, especialmente, de seus estudos e pesquisas sobre folclore, música e danças populares.

A Baiana


Em 1994, a nota de 50.000 cruzeiros reais apresentava a Baiana no seu anverso. No reverso, ela aparece com traje de festa preparando acarajé. Essa cédula foi a última a entrar em circulação antes do Plano Real. Circulou por apenas cinco meses (de março a setembro). A figura da "Baiana", característica da tradicional cidade de Salvador, na Bahia, é de origem africana, em grande parte das nações jeje, haussá e nagô-ioruba, trazidas para o Brasil pelo tráfico de escravos nos ciclos da Costa da Mina e do Golfo de Benin. Ela teve seu passado marcado pela escravidão, à qual o espírito de seu povo se opôs, resistindo às influências culturais e formando movimentos revolucionários.

No anverso da cédula, ao lado da figura da Baiana, figuram alguns amuletos, de origem africana ou de inspiração brasileira, que servem de proteção contra o azar. A romã e o cacho de uva significam fecundidade; a figa de madeira e os dentes de animais são os bons "fados" que fecham o corpo; o caju simboliza a abundância; e o peixe, o cordeiro e as pombas do Espírito Santo resultam do sincretismo com o catolicismo.

A imagem de capa da postagem...
O lançamento da cédula da "Rendeira" seria mais uma grande e grata homenagem as mulheres batalhadoras do Brasil em suas regiões, assim como foi a cédula da Baiana. Ela circularia com valor de CR$ 10.000,00 mas seu lançamento não ocorreu devido à implementação do Plano Real (plano econômico brasileiro para estabilizar a economia e controlar a inflação).

Algumas outras mulheres foram lembradas, estampadas e cunhadas no dinheiro de seus países. Não poderia ser diferente em nosso país. Ainda é insuficiente o reconhecimento, mas nossa nação é forjada e cunhada no ventre de mulheres valorosas como você que chegou ao fim da leitura deste artigo. Deixo para cada uma de vocês o abraço apertado de alguém que valoriza as mulheres de uma forma única e respeitosa! Um fantástico e feliz dia das mulheres...

Fonte: Banco Central – Complementos: Bruno Diniz


Postagem Anterior Próxima Postagem