Os segredos da
numismática e suas peças emblemáticas sempre viram pautas em conversas, congressos
e encontros. Certamente você nunca ouviu falar desta moeda ou se já ouviu, não
sabe muito sobre ela. Posso dizer que ela é o sonho de consumo para alguns
numismatas brasileiros. De fato, ela ainda é desconhecida por muitos e rara na
numismática nacional.
Pouco se sabe sobre esta
moeda, o mistério gira em torno da quantidade de peças cunhadas, quem foi o
artista responsável pela gravação e muitas outras informações fragmentadas que
tentamos emendar e trazer para vocês. Ter o máximo possível de informações
sobre esta lenda da numária nacional não é tarefa fácil. Sabemos que existem ao
menos 15 peças incorporadas aos acervos de alguns colecionadores, mas o ponto
de partida sobre a história desta moeda não surge em meio aos numismatas. Vamos
relembrar um pouco sobre a realidade do país em 1990, ano da cunhagem desta peça.
O padrão monetário
referente aos CRUZADOS NOVOS (NCz$) foi efetivado em nosso país em 16/01/1989 e
vigorou até 15/03/1990, tudo por meio da Medida Provisória nº 32, de
15/01/1989, que posteriormente seria convertida na Lei nº 7.730, de 31/01/1989,
a lei instituiu de fato o padrão monetário CRUZADO NOVO como unidade do sistema
monetário nacional. O período político em nosso país era considerado Nova
República que teve início em 1985 com o fim do regime militar e perdura até os
dias de hoje. Na economia o Brasil ainda buscava incansavelmente uma
estabilidade, pois os fracassos dos padrões monetários em nossa história já
assombravam os governantes desde os tempos da colônia. A alteração que deu vida
ao CRUZADO NOVO foi resultado da reforma monetária que ficou conhecida como
Plano Verão, instituído pelo ministro Maílson da Nóbrega, em 1989 no governo de
José Sarney. O Cruzado Novo correspondia a mil Cruzeiros e o corte de três
zeros foi a forma encontrada para tentar segurar a inflação no país. Vieram as
eleições de 1990 e junto com ela o Plano Collor 1 e o ressurgimento do
Cruzeiro. O fim, todos nós sabemos! Mais um plano monetário era dado como
fracassado. A hiperinflação tomou conta do país e desestruturou ainda mais uma
economia que não conseguia encontrar uma saída. Com o fim do CRUZADO NOVO, a
moeda apelidada de Cruz de Cristo, também foi esquecida e não chegou de fato ao
meio circulante. Alguns funcionários da Casa da Moeda do Brasil alegam que as
peças foram destruídas em um processo para refundição em aço inox. Algumas
outras peças foram levadas por funcionários da Casa da Moeda como lembrança
daquele padrão monetário extinto e sua moeda que nunca circulou. Uma peça que
está envolta em uma nuvem de teses, histórias, estórias e achismos que
certamente nunca iremos saber a verdade. Alguns numismatas defendem a tese de
um possível ensaio monetário. Eu adoro um mistério, mas este realmente nunca
terá solução.
Características
da moeda
Catálogos numismáticos
conferem valores superiores aos 4 mil reais pela Cruz de Cristo. Não custa nada
acreditar na tese de que algumas sobreviventes estão por aí! O negócio é
conferir as moedas de inox nos garimpos numismáticos que fazemos e tomar
cuidado com as tantas falsificações que já circulam em meio aos colecionadores.
Alcunha: Cruz de Cristo
Valor facial: 1 Cruzado
Novo - NCz$
Casa da Moeda: Rio de
Janeiro
Composição: Aço
inoxidável
Diâmetro: 19,50 mm
Peso: 2,83 gr.
Bordo: liso
Anverso: Cruz de Cristo
sobre mapa do Brasil e data.
Reverso: Valor, dístico
Brasil e o Cruzeiro do Sul.
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