As obras de Jac Leirner começam com a coleta de objetos comuns, frequentemente ligados ao universo do consumo. A atividade de colecionadora da artista fez com que ela viesse a conceber na década de 1980, uma série de trabalhos com papel-moeda. Em seu livro Os Cem, 1987, a artista utilizou notas de 100 cruzeiros. As células eram furadas e presas em longas tiras, para depois serem espalhadas pelo chão.
A obra de Jac Leirner dialoga com a arte minimalista e nos remete ao construtivismo brasileiro, podemos dizer que ela possui uma característica conceitual em suas obras, entre outras vertentes explorada pela artista. Especificamente na obra “Os Cem” elas nos oferece o lado poético das frases populares escritas nas cédulas. Das mais rudes as mais apaixonadas, ela nos faz viajar nas mensagens sem destinatários, mensagens que podemos afirmar serem os primórdios das redes sociais no Brasil. Ela nos traz de maneira simples e objetiva os valores nacionais vigentes em papel moeda na época.
As cédulas de dinheiro que carregam as mensagens informais foram durante a década de 80 um dos maiores desesperos do Banco Central, que cuida da integridade das notas e sua reposição. Quem nunca escreveu no dinheiro? Nos dias atuais esta “arte” considerada vandalismo, por colecionadores e pelo BC, quase não é mais praticada em nosso país. Frases que as pessoas escreveram no dinheiro inspiraram simpatias e serviram de agenda para anotar um telefone endereço ou mandar um recado. A artista Jaq Lerner, que as reuniu no painel que ilustra nossa postagem também nos ofereceu o livro (Os cem), de 1987. E aquela pergunta ainda continua sem resposta! Você já escreveu no dinheiro? Eu já! Mas vou complicar mais um pouco. Você acha que é arte ou vandalismo?