O QUE ACONTECEU DEPOIS QUE MARCO POLO DESCOBRIU O DINHEIRO DE PAPEL? - De uma grande descoberta aos caminhos tortuosos da economia global.



Todos nós temos uma visão sobre a economia mundial e principalmente sobre a economia de nosso próprio país. Comigo não é diferente! Então, resolvi trazer um artigo que conta além do romantismo e poesia de uma descoberta, mas desenvolve os fatos, ligando os acontecimentos de uma forma dinâmica e didática. Forma que irá fazer você compreender um pouco sobre economia e lhe trará uma visão das perdas financeiras que o nosso país vem sofrendo por não saber usar os próprios recursos. Nossa história remonta os fatos ocorridos na vida de um jovem explorador Italiano chamado Marco Polo, este jovem escreveu belas e curiosas linhas sobre suas viagens pela China. “O Livro das Maravilhas” está repleto de episódios que ele diz ter presenciado e vivido. Mas uma das histórias contadas por ele teve uma importância especial para mim e serviu como inspiração para o desenvolvimento deste artigo. Falo do momento em que Marco Polo se tornou um dos primeiros europeus a conhecer uma das maiores invenções do homem. Invenção que que até hoje fundamenta e baseia a economia moderna mundial. Estamos falando do dinheiro de papel! Hoje não importam as particularidades e tão pouco de que as cédulas modernas são feitas, pois sabemos que o papel puramente dito não é mais utilizado na maioria dos países pelo mundo. Hoje temos cédulas confeccionadas a partir de fibras de algodão, alguns tipos de plástico e muitos outros materiais. Mas o dinheiro chinês que foi conhecido e descoberto por Marco Polo naquele momento da história, era estampado em papel totalmente artesanal. Aquela invenção provocou um verdadeiro fascínio em Marco Polo.


Como era estampado o dinheiro visto por Marco Polo?
Primeiro o papel era fabricado a partir de cascas de amoreiras, esta era sua liga básica, já confeccionado, também continha a assinatura de diversas pessoas. Para sua autenticação e legalização como moeda corrente, era utilizado um selo vermelho e brilhante proveniente do imperador Gengis Khan, que estava no poder durante as viagens do explorador. No livro de Marco Polo, suas observações sobre o dinheiro de papel estão em um capítulo chamado "Como o grande Kahn faz com que a casca de árvores, convertida em algo similar a papel, passe como dinheiro em todo o país". Isto já demonstrava o quanto Marco Polo ficou encantado por esta invenção. A novidade vista por Marco Polo ia muito além do material de que estas cédulas eram feitas, mas o que lhe chamava a atenção era que o valor dessas notas não vinha do objeto em si (ao contrário de moedas de ouro, prata e cobre), mas do respeito pela chancela das autoridades do governo. Que eram bastante em poder para que com somente uma ordem do Khan, para que as cascas com o carimbo oficial se transformassem em dinheiro. Uma clara demonstração de poder e respeito. Se o Khan ordenava, então “Assim seja!” (O papel-moeda antigamente era chamado de dinheiro fiat, nomenclatura que em latim significa "assim seja").


Mas onde está o ouro? Eu prefiro o Nióbio!
Marco Polo ficou deslumbrado com a genialidade com que sistema financeiro chinês era aplicado. Ele se perguntava onde ficava o ouro que não estava circulando por todo o território. Mas existia uma resposta! O ouro estava sob o controle rigoroso e extremamente protegido do imperador. É bom lembrar que o dinheiro de papel não era uma prática nova quando Marco Polo o conheceu. Na verdade o dinheiro de papel surgiu por volta do ano 1000 na província chinesa Sichuan, hoje mais conhecida por sua culinária do que pelo invento que mudou o mundo. Naquela época, a província de Sichuan fazia fronteira com Estados estrangeiros e convivia com a hostilidade de seus vizinhos. Mas a principal questão é que as autoridades chinesas não queriam que ouro e prata fossem parar no exterior. Então, impuseram a lei de que Sichuan usaria apenas moedas de ferro. O problema era a disparidade de valores:
Um punhado de moedas de prata, por exemplo, era convertido em mais que o peso do interessado se convertido para ferro. Isso criava sérios problemas para os comerciantes de Sichuan e seus clientes. Era ilegal usar moedas de ouro e prata no comércio, além de não ser nada prático o uso do ferro como moeda corrente. Com tudo isso, surge como alternativa os jiaozi ou bilhetes de intercâmbio. Tratava-se simplesmente de notas promissórias. Em vez de carregar quantidades absurdas de moedas de ferro, um mercador conhecido e de boa reputação poderia fazer uma promessa de que pagaria as contas em outro momento, quando a transação fosse mais conveniente para todos. A ideia fazia sentido e era muito prática, mas logo ocorreu algo inesperado - os jiaozi (notas promissórias em papel) começaram a ser comercializados livremente. Mas vamos dar um exemplo para que você entenda melhor a situação! Mentalize a cena descrita colocando-se no lugar das personagens. Suponhamos que, depois de uma transação com o respeitável senhor Mhing, você recebe em troca uma promissória. Em uma transação com outro comerciante, você poderia emitir uma nota, mas por que não fazer algo mais simples e passar a promissória de Mhing? Afinal, sabemos que ele é de confiança! A partir daí, cria-se uma versão primitiva (ou o pai) do dinheiro de papel: uma promessa de reembolso que tem valor de mercado em si mesma e que pode ser transferida de uma pessoa para outra sem ser cobrada. O negócio é ainda mais interessante para o senhor Mhing. Se sua promissória continuar passando de pessoa para pessoa, ele jamais terá que carregar moedas de ferro. É como se desfrutasse de um empréstimo sem juros durante todo o tempo em que a promissória circular. Melhor ainda: um empréstimo que talvez nunca tenha que pagar. Sendo assim, as autoridades chinesas perceberam que podiam ser as beneficiárias do sistema. Regulamentando a emissão de jiaozi e seu uso. Mas pouco depois, proibiriam os jiaozi privados (Emitidos pelos comerciantes lá no inicio da história). E criando o título oficial que realmente foi um sucesso e circulava por várias regiões, até fora do país. Tinha mais valor que as pesadas moedas de ferro, pois eram mais simples de transportar. Inicialmente, o jiaozi emitido pelo governo chinês podia ser cobrado livremente, assim como os privados. O sistema era bastante lógico, pois assumia que as notas representavam algo de valor real. Mas o governo modificou o sistema mais tarde, criando um esquema fiat, abandonando a prática de pagar em metal pelos jiaozi.

Se você chegasse ao Tesouro para cobrar um jiaozi velho, você sairia com outro mais novo. Um passo bastante moderno para a época. Afinal, o dinheiro que usamos hoje é criado por bancos centrais e não está respaldado por muito mais que a promessa de troca de notas velhas por novas.


Saímos da situação em que a promissória do senhor Mhing circulava sem ser cobrada, para a bizarra situação em que, apesar de nunca poderem ser liquidadas, as notas do governo circulavam livremente. O dinheiro fiat é uma tentação para os governos até hoje! Pois uma gestão com muitas contas para pagar pode simplesmente imprimir mais dinheiro. Porém, quando há mais dinheiro para pagar pela mesma quantidade de bens e serviços, os preços tendem a subir. Colocando a inflação nas alturas e gerando um grande colapso financeiro em uma economia com este perfil. Mas essa tentação logo se tornou irresistível para os chineses! A dinastia Song emitiu jiaozi demais, e surgiram as falsificações que logo se tornariam um problema. Somente algumas décadas depois de sua invenção, o jiaozi entraria em desvalorização e descrédito. Chegando a ser negociado somente por 10% de seu valor original.

Saindo do tempo de descobertas de Marco Polo e trazendo para a nossa realidade, as coisas foram bem piores para outros países que não conseguiram fugir das péssimas gestões financeiras. A Alemanha no período entre a primeira e a segunda guerra mundial e o Zimbábue do século 21 são dois exemplos de países que sofreram um colapso econômico quando o excesso de impressão de dinheiro fez com que os preços disparassem, com inflações que chegaram aos níveis inimagináveis.

Na Hungria, em 1946, um caso de hiperinflação fez com que os preços triplicassem diariamente. Quem entrava em um mercado de Budapeste, por exemplo, ficava em mais vantagem se pagasse a conta na entrada do que na saída.

O Brasil sofreu com inflações em vários períodos de sua história financeira, Foram muitos os padrões monetários e juntamente com eles os equívocos de equipes econômicas incompetentes, que não sustentavam ou sequer conseguiam dar lastro para as moedas que por décadas afundaram o Brasil em um mar de inflação, padrão após padrão monetário. Veio o Real, a coisa ficou estabilizada, mas para os mais experimentados (pelas circunstâncias da vida) o real vem afundando! Hoje nos encontramos em uma tremenda crise financeira lastreada por corrupção, que assustaria até mesmo Marco Polo! Mas isto é outra história... Tais exemplos citados convenceram alguns economistas mais radicais que o dinheiro fiat jamais pode ser estável. Muitos defendem a volta do padrão-ouro, o sistema monetário que vigorou até a Primeira Guerra Mundial e no qual o papel-moeda tinha que ser garantido por valor igual o do metal precioso. No caso do Brasil poderíamos ter nossa economia baseada e lastreada não pelo ouro, mas pelo Nióbio, metal utilizado na indústria de alta tecnologia, como a fabricação de turbinas para jatos e outras demandas de grande importância para a indústria mundial. O Brasil conta com 98% das reservas mundiais deste metal, nos dando o monopólio do minério, nosso país responde atualmente por mais de 90% do volume do metal comercializado no planeta. As maiores jazidas se encontram nos estados de Minas Gerais (75% do total), Amazonas (21%) e em Goiás (3%). Ainda não foi utilizado oficialmente na fabricação de moedas brasileiras. Mas nosso país vem desperdiçando esta riqueza vendendo o Nióbio em seu estado bruto, perdendo a oportunidade de agregar valor ao metal e com isso aumentar a fatia de arrecadação em um setor que somos soberanos, dominantes e que certamente seria o lastro ideal para uma economia que emergia e se tornaria potência com a correta administração deste recurso. No entanto, economistas tradicionais rejeitam a ideia do padrão-ouro (E certamente rejeitariam meu ponto de vista sobre o Nióbio) e consideram que uma inflação baixa e previsível pode servir com uma espécie de lubrificante para a atividade econômica em qualquer economia do mundo. E, apesar de que nem sempre podemos confiar que os bancos centrais vão imprimir a quantidade correta de dinheiro novo, talvez a ideia faça mais sentido do que confiar que a quantidade correta de ouro será escavada. (Mas o Nióbio nos oferece a garantia que o ouro não consegue oferecer) Marco Polo estaria sentado em uma cadeira observando atentamente ao debate... Imagine só! Imprimir dinheiro é especialmente útil para algumas economias em tempos de crise. No ano de 2007, o governo americano injetou na economia bilhões de dólares sem criar inflação. Nem foi preciso imprimir mais dinheiro! Esses bilhões foram, dígitos que computadores injetaram no sistema bancário global (totalmente virtual). Se Marco Polo estivesse vivo, certamente iria alterar o título do capítulo sobre dinheiro em seu livro. Colocando algo mais ou menos assim:
"O homem e sua ganância pelo dinheiro”
Talvez o capitulo pudesse até se tornar mais tarde um livro, pois o mercado financeiro é flutuante, repleto de probabilidades, riscos calculados ou não, cheio de ganância, corrupção, e aflora muito além de uma simples curiosidade como a de Marco Polo e sua veia gananciosa... A tecnologia mudou o mundo financeiro e econômico, mas o que serve como dinheiro não deixar de assombrar nos dias de hoje. O dinheiro continua sendo a raiz de toda maldição a curto ou a longo prazo. Sabe a pergunta que é o titulo de nossa postagem... Ela não tem uma resposta! Nem mesmo você sabe o que acontecerá em sua vida depois que se descobre o dinheiro.

Este artigo tem como fontes:


*Autor: Polo, Marco – “O livro das maravilhas”

Tradutor: BRAGA JUNIOR, ELOI
Editora: L&PM EDITORES – 1999

*HARFORD, TIM - Economista – “50 Coisas que Criaram a Economia Moderna - BBC (em inglês),”
*DINIZ, BRUNO – Artigo: 2016 - NIÓBIO – “O MINÉRIO BRASILEIRO NAS MOEDAS DO MUNDO”
A visão apresentada sobre o Nióbio representam meus estudos e opiniões pessoais sobre o tema. Acompanhando a linha de raciocínio e visão a frente do seu tempo do Dr. Enéas Carneiro, que já nos avisava sobre a potência mineral alojada em solo brasileiro.

*Cédula: 1000 Liras - Itália - Acervo pessoal.
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