O padrão-ouro, também chamado de estalão-ouro, foi o sistema monetário
cuja primeira fase vigorou desde o século XIX até a Primeira Guerra Mundial. A
teoria pioneira do padrão-ouro, chamada de teoria quantitativa da moeda, foi
elaborada por David Hume em 1752, sob o nome de “modelo de fluxo de moedas
metálicas” e destacava as relações entre moeda e níveis de preço (base de
fenômenos da inflação e deflação). De acordo com a teoria aplicada ao comércio
internacional e nos dizeres do economista René Villarreal, "os paises
superavitários sofreriam processos inflacionários, enquanto que nos países
deficitários os preços se moveriam em sentido inverso, até que se
restabelecesse o equilíbrio".
Cada banco era obrigado a converter as notas bancárias por ele emitida
em ouro (ou prata), sempre que solicitado pelo cliente. A introdução de notas
bancárias sem esse lastro causou escândalos na França. Com o padrão-ouro,
utilizado principalmente pela Inglaterra, o sistema conseguiu estabilidade e
permaneceu até o término da Primeira Guerra Mundial. Em alguns países
periféricos, o sistema não foi adotado por se achar que a presença desses
países e seus problemas de financiamento desestabilizariam o sistema. Dessa
forma, a circulação de papéis-moedas foi feita pelo chamado sistema de
"curso forçado". No Brasil, o sistema foi adotado imperfeitamente,
durante o Segundo Reinado e no início da República Velha (Governo Campos
Sales).
Em termos internacionais, o padrão-ouro significou a adoção de um
regime cambial fixo por parte de praticamente todos os grandes países
comerciais de sua época. Cada país se comprometeu em fixar o valor de sua moeda
em relação a uma quantidade específica de ouro, e a realizar políticas
monetárias, de compra e venda de ouro, de modo a preservar tal paridade
definida.
Operando no regime de padrão-ouro, o banco central de cada país mantém
grande parte de seus ativos de reserva internacional sob a forma de ouro. As
diferenças entre as reservas de ouro sob a propriedade de cada país refletia,
portanto, as suas necessidades comerciais. Pois, nesse padrão, os fluxos de
ouro financiavam os desequilíbrios nas balanças de pagamentos de cada país. Se
um país fosse deficitário em sua balança de pagamentos, isto é, se a soma de
bens e serviços importados do exterior fosse superior à soma de bens e serviços
exportados ao mesmo, o país deveria corrigir o déficit exportando ouro. Os
países superavitários, por sua vez, tornavam-se importadores de ouro.
As “regras do jogo” prevalecentes no sistema de padrão-ouro eram
simples: a quantidade de reservas de ouro do país determinava, portanto, a sua
oferta monetária. Se um país fosse superavitário em sua balança de pagamentos,
deveria importar ouro dos países deficitários. Isso elevaria sua oferta interna
de moeda, levando a uma expansão da base monetária, o que provocaria um aumento
de preços que, no final das contas, tiraria competitividade de seus produtos
nos mercados internacionais, freando assim, novos superávits. Já se o país
fosse deficitário na balança comercial, exportaria ouro, sofreria contração
monetária, seus preços internos baixariam e, no final das contas, aumentaria a
competitividade de seus produtos no exterior.
Em resumo, o padrão-ouro visava uma situação de equilíbrio na economia
internacional de modo que cada país mantivesse uma base monetária consistente
com a paridade cambial, mantendo assim uma balança comercial equilibrada.