Entre 1939 e 1945, por conta dos custos com a guerra, os recursos
financeiros alemães começaram a esgotar-se rapidamente. Como a sua moeda, o
marco alemão, era rejeitada em quase todos os países mais importantes, os
alemães tiveram que recorrer ao ouro para pagar suas despesas monumentais. Os nazistas
não tiveram dúvidas e usaram as reservas roubadas dos povos conquistados para
sanar suas finanças. E não só ouro, mas todos os bens de grande valor, como
joias, porcelanas e outros objetos.
Com os bancos da suíça funcionando como “lavanderia” para o ouro roubado
dos europeus pelos alemães, toda essa riqueza pilhada foi transformada em
divisas estrangeiras para o III Reich. Portugal, por exemplo, recebeu 70
caminhões com divisas para o Banco Central Português a partir das barras de
ouro pilhadas dos belgas.
O CÚMPLICE DOS NAZISTAS DURANTE A II GUERRA
Portugueses e alemães mantinham laços desde a Guerra Civil Espanhola.
Nesse período, António Oliveira Salazar, ditador da ultra direita católica
portuguesa e Adolf Hitler apoiaram o golpe do General Francisco Franco na
Espanha. Em 1938 a Alemanha era o segundo maior parceiro comercial de Portugal.
Apesar de se manterem oficialmente neutros durante a II Guerra, os portugueses
se beneficiaram com a exportação de tungstênio para os alemães.
O OURO ROUBADO EM TERRAS PORTUGUESAS
A Organização Judaica para a Devolução de Bens vem lutando há anos para
reaver as cerca de 420 toneladas de ouro de judeus que desapareceram dos bancos
suíços durante a guerra. Grande parte dele foi enviada pelos alemães para
países que mantinham relações comerciais com o Eixo, como Espanha, Turquia,
Suécia e Portugal. A crise econômica que atingiu a Europa nos últimos anos pode
acarretar também uma crise diplomática, na medida em que antigas feridas são
reabertas e dívidas históricas são cobradas. O problema é que, como percebemos,
às vezes quem acha que tem a receber, pode acabar tendo que pagar.
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*Os números apresentados nesse texto são de Pedro Ramos Brandão, doutor
em história política contemporânea e ligado ao Instituto Superior de Ciências
do Trabalho em Lisboa, Portugal, em artigo para o número 31 da Revista História
Viva, pp.80-85.
Texto original: Paulo Gaião
Alterado por: Bruno Diniz