Moedas Medievais e suas peculiaridades

Durante grande parte da Idade Média, a plebe rural raramente punha as mãos em moeda, visto que os feudos eram praticamente auto-suficientes e os impostos e dízimos normalmente eram pagos em espécie. As moedas eram usadas, porém, no comércio de bens de luxo e cresceram gradualmente de importância à medida que novas redes comerciais e urbanas começaram a se desenvolver depois do ano 1000.
Moedas de ouro, conhecidas como besantes, eram cunhadas no Império Bizantino e no Califado árabe, mas eram quase desconhecidas na Europa Ocidental (salvo, talvez, no comércio de Veneza) até o início da era das cruzadas. Durante todo o período, o padrão monetário baseou-se em moedas de prata, com moedas fracionárias de cobre. A moeda que por mais tempo representou o padrão monetário foi o dinheiro de prata. Seu poder aquisitivo oscilava conforme a conjuntura e a abundância relativa de metais preciosos, mas em geral representava o sustento de uma família por alguns dias.
Para uma comparação aproximada do poder aquisitivo das diferentes moedas européias usamos aqui uma unidade arbitrária, representada por Ð. Um Ð representa o poder aquisitivo de um dólar estadunidense em fins de 2000, e também equivale aproximadamente ao ganho diário de um assalariado humilde em tempos pré-modernos.


Europa Ocidental - 
Alta Idade Média 


Denier
Moeda carolíngia de um dinheiro, cunhada por Carlos, o Calvo (840-877)

O primeiro padrão monetário a se difundir na Europa Ocidental após a queda do Império Romano do Ocidente foi estabelecido pelo Imperador Carlos Magno por volta de 800 d.C. Era baseado no denarius, nome de uma antiga moeda romana e deu origem, em português, à palavra dinheiro.
Esse denarius ou dinheiro era definido teoricamente como 1/240 de um librum carolíngio (plural libra, símbolo £) de 489,6 gramas. 2,04 gramas de prata 95,8% pura. Entretanto, o peso real dos denarii (símbolo d) ainda existentes é de apenas 1,725 gramas. Doze denarii faziam um solidus ou soldo (símbolo s).
Nem a libra, nem o soldo foram originalmente verdadeiras moedas: no Ocidente tanto o solidus como o librum eram moedas de conta, meros coletivos de denarius.
A moeda de meio denarius era chamada obolus (símbolo ob~) e um quarto de denariusquadrans (símbolo q/r). Moedas baseadas no denarius de Carlos Magno também circulavam em Portugal com o nome de dinheiro, na França como denier, na Espanha como dinero e na Itália como denaro, na Alemanha como Pfennig e na Inglaterra como penny (plural pence) ou sterling. Também os nomes dos seus múltiplos foram usados em outros países da Europa Ocidental: em Portugal, soldo e libra; na França, sou (que se escrevia sol até o século 18) e livre; na Itália,soldo e lira; na Espanha, sueldo e libra.

nome
latino
nome
português
nome
francês
nome
inglês
nome
italiano
nome
castelhano
símboloconteúdo
metálico
valor nominal
em denarii
poder aquisitivo
aproximado em Ð
Librumlibralivrepoundliralibra£414 g prata240Ð 1.440,00
Solidussoldosoushillingsoldosueldos20,7 g prata12Ð 72,00
Denariusdinheirodenierpennydenarodinerod1,725 g prata1Ð 6,00
Obolusmealhahalf pennymeajaob~n/d½Ð 3,00
Quadransfarthingq/rn/d¼Ð 1,50

Império Bizantino 


Solidus Irene
Solidus cunhado no reinado da Imperatriz Irene (797-802)

Na Alta Idade Média, só o Império Bizantino cunhava moedas de ouro: desde 717 o solidus ou nomisma(conhecida no Ocidente como besante) de 4,48 g de ouro a 98%, dividido em 12 miliaresia de prata de 2,25 gramas – ou até 14, dependendo do preço relativo dos metais. Nessa época o ouro valia 6 a 7 vezes mais que a prata. Cadamiliaresion se dividia em 24 follera de cobre de 8 gramas.
O besante foi desvalorizado pela redução do conteúdo em ouro, lentamente a partir de 867 e mais rapidamente a partir de 1057, quando o Império sofreu uma grave derrota militar. Foi sucedida a partir de 1092 pelo hyperpyron com 4,45 gramas de ouro de 20½ quilates ou 85%, também gradualmente desvalorizado a partir de 1185 até ser abandonado em 1354. O padrão bizantino foi seguido pelos reinos dos cruzados.

nomesímboloconteúdo
metálico
valor nominal
em miliaresia
poder aquisitivo
aproximado em Ð
Nomisma, solidus ou besante4,48 g ouro 98%12Ð 115,20
Semisses2,24 g ouro 98%6Ð 57,60
Tremisses1,12 g ouro 98%3Ð 28,80
Miliaresion2,25 g prata1Ð 9,60
Keration1,125 g prata½Ð 4,80
FollisM8 g cobre1/24Ð 0,40
ObolosK4 g cobre1/48Ð 0,20
DekanumionI2 g cobre1/96Ð 0,10
PentanumionE1 g cobre1/192Ð 0,05

Mundo árabe 


Dinar
Dinar cunhado pelo califa Abd al-Malik (696-697)

Nos países árabes, incluindo o califado de Córdoba que dominava os atuais Portugal e Espanha, o besante foi reproduzido com o nome de dinar (também do latimdenarius), ao lado do qual circulava o dirham (do gregodrachma) de prata e o fuls (de follis, singular de follera) de cobre. Em 696-697, o califa Abd al-Malik instituiu uma reforma monetária, pela qual o peso do dinar foi reduzido de 4,55 para 4,25 gramas, unidade de peso desde então conhecida no mundo islâmico como mithqal e foi proibido o uso de imagens de governantes ou outras quaisquer nas moedas, desde então cunhadas apenas com inscrições em árabe.

nomeconteúdo
metálico
valor nominal
em dirham
poder aquisitivo
aproximado em Ð
Dinar4,25 g ouro8 a 9Ð 110,00
Dirham3,03 g prata1Ð 13,00
Fuls8 g cobreaprox. 1/30Ð 0,40

Baixa Idade Média 


Fiorino 1347
Florim de ouro de 1347
30 Venetian grosso
Grosso ou Mattapan veneziano, do doge Giovanni Soranzo, 1312-1328 (1,78g)

Na maior parte da Europa Ocidental não se sentiu necessidade de moedas de ouro, ou mesmo de moedas de prata maiores que o denarius, até cerca de 1200. Foi a partir de 1172 que o crescimento do comércio dentro da Europa Ocidental e com o Oriente (estimulado pelas Cruzadas) levou Gênova a introduzir moedas de prata de maior valor conhecidas como grossus de 4d, nome que generalizou-se para moedas de prata de tamanho médio.
Em 1252, apareceram também moedas de ouro, cunhadas por Florença com o nome de florim e logo depois também por outras cidades-estado italianas. Derivada dos últimos besantes e dinares, tinha 3,536 gramas de ouro quase puro (originalmente equivalentes à já desvalorizada libra florentina de prata) e foi até 1650 a moeda de ouro mais comum na Europa, inicialmente com o valor de 240 denariflorentinos (mais tarde, com a desvalorização deste, 580). Era chamada florim (em Florença), cequim (em Veneza),écu (na França), schild (em Flandres), gulden (na Alemanha), zloty (na Polônia), ducado (em vários países europeus), dinar (nos países árabes).
Portugal e Espanha haviam herdado dos árabes o dinar de ouro, com os nomes locais de morabitino (em Portugal) e maravedi (na Espanha) derivados de murabiti, nome árabe da poderosa dinastia dos almorávidas que dominou grande parte da Península Ibérica de 1093 a 1148 e definiu o padrão original dessas moedas. O valor delas, porém, foi rapidamente reduzido por sucessivas desvalorizações ao longo dos séculos 13 e 14 e no século 15, porém, tanto Espanha quanto Portugal lançaram novas moedas de ouro com valores muito próximos do antigo florim : o escudo (na Espanha) e o cruzado (em Portugal, onde valia inicialmente 400 réis).
Na Alemanha, o título do gulden caiu até chegar a 77% (18½ quilates) em 1490. A Inglaterra tentou cunhar uma moeda de ouro chamada gold penny (de 2,892 g, valendo 20 pence de prata ou Ð 80) em 1257, mas não teve aceitação.
Moedas medievais - séculos XII e XIII
nomeemissãoconteúdo
metálico
poder aquisitivo
aproximado em Ð
GrossusGênova 1172n/dÐ 30,00
Florim de ouroFlorença 1250, depois vários países3,560 g ouro 99,5%Ð 144,00
Florim de prataFlorença 1250, depois vários paísesn/dÐ 7,20
DenaroFlorença 1250n/dÐ 0,60
Maravedi de ouroCastela 1260n/dÐ 79,20
Maravedi de prataCastela 1260n/dÐ 13,20
DineroCastela 1260n/dÐ 6,60
Maravedi burgalêsCastela 1260n/dÐ 2,20
MeajaCastela 1260n/dÐ 1,10
SueldoAragão 1260n/dÐ 113,00
DineroAragão 1260n/dÐ 9,40

Moedas medievais - século XIV
nomeemissãoconteúdo
metálico
poder aquisitivo
aproximado em Ð
StuiverFlandres, 13008,440 g prata 95,83%Ð 30,00
Gros tournoisFrança e Flandres, 13004,220 g prata 95,83%Ð 15,00
Maravedi de prataCastela, 13001,13 g prataÐ 4,00
GrosBrabante, 1300n/dÐ 10,00
Lira affiorinoFlorença, 1300-1350n/dÐ 76,00
Florim de prata affiorinoFlorença, 1300-1350n/dÐ 3,80
Denaro affiorinoFlorença, 1300-1350n/dÐ 0,16
AngelotFrança, 13405,7 a 6,3 g ouroÐ 0,16

Moedas medievais - século XV
nomeemissãoconteúdo
metálico
poder aquisitivo
aproximado em Ð
Florim de ourovários países, 1400-14503,560 g ouro 99,5%Ð 200,00
Gulden de ouroAlemanha e Borgonha, 1490-3,560 g ouro 77%Ð 160,00
StuiverFlandres, 14183,599 g prata 50%Ð 8,00
GrosFlandres, 1418n/dÐ 4,00
GrosBrabante, 1418n/dÐ 2,67
MiteFlandres, 1418n/dÐ 0,33
StuiverFlandres, 14283,753 g prata 44,44%Ð 7,00
AngelotFrança, 1422-612,27 g ouroÐ 110,00
Tostão ou TestoneMilão, 1472-769,8 g prataÐ 60,00
ThalerFrança, 1468-29 g prataÐ 180,00

Portugal 

Em Portugal, as denominações monetárias herdadas do antigo sistema carolíngio já estavam consideravelmente desvalorizada quando, em 1253, Afonso III taxou o marco de prata (1 marco = 227,8 gramas = meia libra-peso) em 12 libras portuguesas, 240 soldos ou 2.880 dinheiros. Esse sistema é conhecido com L - S - D (libra - soldo - dinheiro).
dinheiro se dividia em duas mealhas – palavra que deu origem às palavras "mealheiro" e "amealhar", ainda muito usadas. A moeda de maior valor era o morabitino (em espanhol, maravedi), cujo nome vinha de murabiti, nome árabe da poderosa dinastia dos almorávidas que dominou grande parte da Península Ibérica de 1093 a 1148 e ditou o primeiro padrão para essa moeda. Em 1264, um morabitino velho valia 27 soldos, um morabitino novo, 22. Doze dinheiros valiam um soldo até o reinado de Afonso IV (1325-1357), quando um soldo passou a valer apenas 9 dinheiros.
Moedas portuguesas, 1253 - 1325
nomeconteúdo
metálico
valor nominal
em dinheiros
poder aquisitivo
aproximado em Ð
Mealhan/d½Ð 0,15
Dinheiron/d1Ð 0,30
Soldo0,95 g prata12Ð 3,60
Libra18,98 g prata240Ð 72,00
Morabitino novon/d264Ð 79,20
Morabitino velhon/d324Ð 97,20


Realbranco
Moeda de ½ real branco, de D. João I

Após várias desvalorizações para financiar guerras contra Castela, que criaram uma grande confusão monetária e transtornaram as relações entre dinheiro, soldo e libra, o rei D. Duarte, em 1435, decidiu abolir a libra como unidade monetária, colocando em seu lugar o real branco (sendo 1 real = 35 libras portuguesas) cuja cunhagem havia sido iniciada pelos seu predecessor D. João I.
O adjetivo o distinguia do real preto (de cobre), também cunhado pelo seu predecessor, pois o real branco era cunhado em uma liga de prata com cobre chamada bolhão (ou bilhão), contendo teoricamente 41,67% (5/12) de prata, mas na prática, freqüentemente, apenas 25%. O real branco, ou simplesmente real, tornou-se, por mais de 400 anos, a unidade monetária de Portugal e do Brasil.
Uma grama de ouro correspondia então a 35 reais – logo chamados réis, pois a freqüência do uso da palavra levou a abreviá-la. Havia ainda velhos soldos em circulação, de diversos valores: ao que parece, houve soldos que valeram um real, quatro ceitis e 2/7 réis. Algumas fontes também indicam que havia "dinheiros" em circulação, com valor de ¼ de real.
Em 1448, para substituir o real preto retirado de circulação em 1442, começou a ser cunhada uma nova moeda de cobre chamada ceitil, valendo 1/6 do real branco. Continuou a circular até 1580, quando seu valor aquisitivo havia caído para cerca de Ð 0,025 e havia se tornado sinônimo de insignificância, dando origem a expressões que ainda permanecem na língua, como "ficar sem ceitil" e "não pagar um ceitil".
Moedas portuguesas, 1435-1452
nomeconteúdo
metálico
valor nominal
em réis
poder aquisitivo
aproximado em Ð
Libran/d1/35Ð 0,04
Real branco1,13 g bolhão (prata 25%)1Ð 1,40
Ceitiln/d1/6Ð 0,23
Soldovariável1, 2/3 ou 2/7Ð 0,40, Ð 0,93 ou Ð 1,40
Dinheiron/d¼Ð 0,35

Inglaterra 

Como outros países da Europa Ocidental, a Inglaterra iniciou sua história monetária com o padrão estabelecido pelo Imperador Carlos Magno por volta de 800 d.C. Era baseado no denarius, definido teoricamente como 1/240 de um librum carolíngio (plural, libra) de 489,6 gramas.
Na Inglaterra, onde foi cunhada pela primeira vez no reinado de Alfredo, o Grande (871-899), seu nome popular era penny (plural pence) ou sterling, mas lá, como em toda a Europa Ocidental, a língua oficial era o latim, de forma que os contadores simbolizavam o penny por d e, por algum tempo, o meio penny por ob~ e o quarto de penny oufarthing por q/r . Na Inglaterra, como na maior parte da Europa Ocidental, não se sentiu necessidade de moedas de ouro, ou mesmo de moedas de prata maiores que o denarius, até cerca de 1200. Eram usadas as denominaçõessolidus (em inglês shilling), representada por s, para uma soma de 12 d, e libra (em inglês pound), representada por £, para 240 d, mas não existiam moedas desse valor: no Ocidente tanto o solidus como a libra eram meras moedas de conta, ou coletivos de denarius. Essas representações continuaram sendo usadas mesmo depois que o inglês substituiu o latim no uso oficial. Assim, desde Alfredo o Grande até a introdução do sistema decimal em 1970, uma soma de 30 pence sempre foi representada como 2s 6d, ou então 2/6.
A partir do final do século 12, o crescimento do comércio dentro da Europa Ocidental e com o Oriente (estimulado pelas Cruzadas) levou as cidades-estados italianas a introduzir moedas de prata de maior valor conhecidas comogrossus (nome que generalizou-se para moedas de prata de tamanho médio) e, no século 13, também moedas de ouro de aproximadamente 3,5 g, os florins ou cequins, que seguiam o padrão dos besantes do Império Bizantino e dos dinares árabes. A Inglaterra tentou nessa mesma época cunhar uma moeda de ouro chamada gold penny (de 2,892 g, valendo 20 pence de prata ou Ð 80) em 1257, mas não teve aceitação.
O desenvolvimento do comércio e a ascensão da classe burguesa também trouxe, porém, desequilíbrios comerciais e financeiros, inflação e desvalorizações. O penny da então relativamente isolada e atrasada Inglaterra resistiu melhor que a maioria de seus similares no continente europeu. Na primeira cunhagem onde os pesos foram cuidadosamente atestados por documentos históricos, de 1247, uma tower pound de prata esterlina (isto é, com título de 92,5%), de 349,9144 gramas, rendia 242 pence (que, portanto, tinha 1,446 gramas) mas em 1275 cada penny passou a ter apenas 1,44 g de prata (1/256 da tower pound).
Em 1279, o Reino da Inglaterra declarou com seu único padrão monetário a moeda de prata esterlina cunhada no país, pois a maioria das moedas do continente tinham reduzido seu título para 80% (e em alguns, como Portugal, o dinheiro já estava reduzido a mera moeda de cobre), porém, mais tarde, as desvalorizações tiveram que ser retomadas: em 1346 para 1,296 g (1/288), em 1351 para 1,1664 g (1/320), em 1411 para 0,972 g (1/384), em 1464 para 0,7776 g (1/480).
O penny foi novamente desvalorizado em 1526 e ao mesmo tempo a unidade de peso deixou de ser a tower pound para ser a troy pound, de 373,242 g. O penny 1/540 da troy pound ou 0,6912 g. Em 1544, 0,648 g (1/576) e em 1551 0,5184 g (1/720). No final do processo, o penny ou sterling perdeu dois terços do seu peso original, mas a soma de 240 pence continuou a ser chamada de libra esterlina (sterling pound), mesmo se, na realidade, passou a pesar apenas um terço de libra troy.
Em 1344, o rei inglês Eduardo III contratou dois florentinos para cunhar as primeiras moedas de ouro inglesas:double leopard ou florim (72 pence, que na época tinham poder aquisitivo de cerca de Ð 324), leopard ou meio florim (36 pence) e helm ou quarto de florim (18 pence). Porém, esses valores nominais (que supunham uma relação ouro/prata de 1/12,4) eram superiores ao seu valor intrínseco em ouro segundo os preços da época (1 parte de ouro valia 11,16 de prata) e os mercadores as rejeitaram. O rei tentou outra vez em 1351, quando reduziu o peso das moedas de prata e introduziu as moedas de ouro chamadas noble (de 80 pence, com 7,78 gramas de ouro, com poder aquisitivo de aproximadamente Ð 280), meio noble e quarto de noble ou ferlin, que tiveram mais sucesso. Ele introduziu também a versão inglesa do grossus, que em inglês tornou-se groat, também de 4 d (cerca de Ð 14), com 6,3 g de prata.
Valor médio das unidade monetárias inglesas

PeríodoLibraShillingPenny
1264 a 1274Ð 1.235,00Ð 61,77Ð 5,15
1275 a 1299Ð 1.127,00Ð 56,34Ð 4,69
1300 a 1350Ð 985,00Ð 49,27Ð 4,11
1350 a 1399Ð 895,00Ð 44,76Ð 3,73
1400 a 1449Ð 1.007,00Ð 50,35Ð 4,20
1450 a 1499Ð 1.062,00Ð 53,10Ð 4,43

França 

Até o início do século 12, o sistema monetário francês, análogo ao inglês, evoluiu a partir de uma desvalorização progressiva do sistema carolíngio, mas em agosto de 1266 o rei Luís IX introduziu um novo sistema baseado numalivre tournois de 970,56 gramas de prata 95,8% (23/24), quase o dobro da libra inglesa. Era dividida em 240 gros tournois, cada um destes com 4,22 gramas, que equivaliam cada um a 1 solidus (em francês antigo sol, hoje sou) da desvalorizada libra carolíngia.
Essa moeda deixou de ser cunhada por volta de 1330, mas em Flandres, com o nome de groot, sobreviveu como uma "moeda de conta" até o século 15. A libra francesa de prata dividia-se em 20 sols, 80 liards e 240 deniers ou dinheiros, salvo em certo período (a partir de 1360) em que se dividiu em 25 sols tournais.
Unidades monetárias francesas em 1266
unidadevalor nominal
em deniers
poder aquisitivo
aproximado em Ð
livre de gros tournois2.880Ð 3.600,00
livre240Ð 300,00
gros tournois, ou sol tournois12Ð 15,00
denier1Ð 1,25

Valor da libra francesa, 1266-1541
Anogramas de ouro puropoder aquisitivo
aproximado em Ð
12668,271Ð 300,00
13004,900Ð 200,00
13603,880Ð 145,00
15411,460Ð 70,00

Valor do escudo (écu) francês, 1266-1541
Anogramas de ouro purovalor em livres
sous
poder aquisitivo
aproximado em Ð
12664,14010 sÐ 150,00
13374,53210 sÐ 160,00
15413,880£ 2Ð 140,00

Referências 

  • E. H. Phelps Brown e Sheila V. Hopkins, "Builders' Wage-rates, Prices and Population: Some Further Evidence," em Economica (fevereiro de 1959): p. 18-37;
  • E. H. Phelps Brown e Sheila V. Hopkins, "Seven Centuries of the Price of Consumables, compared with Builders' Wage-rates," em Economica (novembro de 1956): p. 296-314;
  • E. H. Phelps Brown e Sheila V. Hopkins, "Wage-rates and Prices: Evidence for Population Pressure in the Sixteenth Century," em Economica (novembro de 1957): p. 289-306
  • Chester L. Krause e Clifford Mishler, Standard Catalog of World Coins, 1985: Iola, Krause
  • John H. Munro, "Money and Coinage in Late Medieval and Early Modern Europe" 
  • Kelley L. Ross, "British Coins before the Florin, Compared to French Coins of the Ancien Régime" 
  • British Museum: Gold dinar of caliph Abd al-Malik
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