Os metais preciosos passaram a sobressair por terem uma aceitação mais geral e uma oferta mais limitada, o que lhes garantia um preço estável e alto. Além disso, não se desgastavam, facilmente reconhecidos, divisíveis e leves. Entretanto, havia o problema da pesagem.
Os primeiros metais utilizados como moeda foram o cobre, o bronze e, notadamente, o ferro . Por serem, ainda, muito abundantes, não conseguiam cumprir uma função essencial da moeda que é servir como reserva de valor. Dessa maneira, os metais não nobres foram sendo substituídos pelo ouro e pela prata, metais raros e de aceitação histórica e mundial .
Os benefícios resultantes da utilização das moedas metálicas propagaram-se rapidamente pela Grécia Continental, pela costa ocidental da Ásia Menor e pela ampla faixa litorânea da Macedônia. Com efeito, quase todas as antigas civilizações compreenderam desde logo a importância da moeda e entenderam que os metais reuniam importantes características para serem utilizados como instrumentos monetários. Tal como Adam Smith registrou, eles compreenderam que os metais, em sua maior parte, eram raros, duráveis, fracionáveis e homogêneos. E ainda apresentavam um grande valor para um pequeno peso. Essas características impuseram-se, na expressão de Smith, como razões irresistíveis, constituídas por qualidades econômicas e físicas, que acabaram por conduzir os metais (sobretudo os preciosos) à posição de agentes monetários preferenciais.
Em conseqüência dessas alterações, como ainda mantivessem fixos os valores legais estabelecidos entre os dois metais, as moedas de ouro tenderiam a desaparecer. Como ainda era garantido por lei o poder liberatório das moedas de ouro e de prata, os devedores, podendo escolher, preferiam pagar os seus credores com a moeda de mais baixo valor intrínseco, conservando em seu poder a outra. Com isso, as moedas de ouro passaram a ser entesouradas, vendidas a peso ou exportadas. Esse fenômeno passaria a ser conhecido como Lei de Gresham – um financista inglês da época, ao qual é atribuída a seguinte observação: Quando duas moedas, ligadas por uma relação legal de valor, circulam ao mesmo tempo dentro de um país, aquela que possui um valor intrínseco maior tende a desaparecer, prevalecendo para fins monetários a que tem um valor intrínseco menor. Em termos mais simples: A moeda má expulsa a boa.
MONTORO FILHO, 1992
LOPES e ROSSETTI, 1991