A invenção da moeda na China partiu da imitação, em bronze fundido em moldes, de objetos utilitários como pás e facas, mas também de “cauris” ou conchas. Após a decisão tomada no Reino de Zhou, no final do séc. VII a.C., de produzir imitações de pás, com peso padronizado para circular como moeda, vários estados emitiram moedas naqueles formatos do séc. VI ao séc. III a.C. A partir do final do séc. III a.C., a opção por moedas redondas com um furo no centro prevaleceu, com os chamados “Ban-liang”, seguidos, em 118 a.C., pelos Wu-zhu ,ambos com dois caracteres. Estima-se que pelo menos 28 bilhões de Wu-Zhu
tenham sido produzidos no reinado Han ocidental. Após uma breve retomada de tipos mais antigos pelo usurpador Wang Mang, retornou-se ao Wu-zhu, que, com pequenas variações de tipo, foi a moeda emitida pelo período mais longo na História. O Wu-Zhu foi substituído, por volta de 621, pelo “Kaiyuan Tong Bao” (sapeque ou cash), com quatro caracteres identificando o reinado de emissão, o que permite a sua datação aproximada. Inicialmente essa moeda era unifacial. O Anam (no Vietnã de hoje) fez parte do Império Chinês do séc. I d.C. até 939, quando tornou-se independente. Nessa região e no sudoeste da China, mesmo depois da emissão regular de moedas de bronze mais ao norte, conchas continuaram a circular como moeda durante séculos. No período conturbado da usurpação de Wang Mang no início do séc. I d.C., cereais e seda também foram aceitos como forma de pagamento. Do séc. VII até o início do séc. XX, foram emitidos Sapeques ou “cash”, com um furo no centro, e seus múltiplos, sempre fundidos em moldes, inicialmente em bronze e no período final também em latão ou em cobre. O “cash” do reino Qian Long (Ch’ien Lung), do imperador Gao Zong (1736-1795), foi provavelmente a moeda do mundo emitida em maiores quantidades antes do século XX, em muitos bilhões de exemplares.O Japão, o Anam (Vietnã atual) e a Coréia começaram a ter moedas próprias em 708, 970 e 996 respectivamente, e adotaram durante séculos o modelo chinês de moedas fundidas, com furo no centro. No Japão, entre o séc. X e o séc. XVI, não foram emitidas oficialmente moedas, recorrendo-se à importação de moedas chinesas de bronze para a circulação corrente. A partir do final do séc. XVI, foram retomadas as emissões de bronze e produzidas peças em metais preciosos, como os “mameitagin” (glóbulos de prata com motivos estampados) e os Kobans (placas de ouro com assinaturas a tinta!). Por volta de 1800, os Xoguns recorreram a moedas fundidas de latão ou ferro, e reduziram o tamanho e a qualidade das moedas oficiais de ouro. Depois foram emitidas peças retangulares de prata de diversos valores. Mas as moedas de metal não eram o único meio de pagamento: até a restauração Meiji (1868), impostos continuaram a ser pagos em arroz. Além das moedas emitidas pelos Xoguns, diversos tipos de moeda local também foram produzidos pelos clãs japoneses, do séc. XVII ao XIX, nos Hans ou províncias. A partir de 1661, muitos deles emitiram papel moeda denominado em “moedas do Xogum” ou em produtos como arroz e vinho, mas alguns também emitiram moedas metálicas. Na China, os preços dos produtos eram normalmente calculados em moeda de bronze, e a relação desta com os metais preciosos variava de acordo com o mercado. A partir da dinastia Song (Sung - c. 960-1280), com o grande desenvolvimento do comércio no império, em paralelo aos sapeques, a prata e o ouro em barras passaram a ser utilizados para grandes transações, circulando com o valor do metal precioso neles contido (pelo seu valor “intrínseco”). No período Mongol (1280-1368), o sapeque perdeu importância, e lingotes de metal precioso e papel moeda passaram a constituir o principal meio circulante do país. No período Ming (1368-1644), o comércio declinou, como também a circulação de metal em lingotes. No séc. XV, emissões excessivas resultaram em uma hiperinflação que destruiu o regime de papel moeda, voltando-se a um regime monetário fundamentado na prata para grandes pagamentos, que levaria a grandes importações do metal, inicialmente do Japão e, mais tarde, da América Espanhola. Os “cash” ou sapeques readquiriram importância especialmente após 1505, quando passaram a ser produzidos em latão, e com emissões ocasionais de 2,5 e 10 “cash”. Na transição da dinastia Ming para a dinastia Quing, diversos rebeldes emitiram moedas de bronze. Durante os dois primeiros séculos da dinastia Quing (1644-1911) uma rede de cerca de 30 oficinas espalhadas pela China fundiam o “cash” padronizado, inclusive em Taiwan, a partir de 1689. No séc. XIX, durante a revolta Taiping (1851-64), em que ocorreriam cerca de 20 milhões de mortes, os rebeldes emitiram moedas e foram também emitidos, pelo governo central, múltiplos do cash que não tiveram aceitação, porque o valor do metal era muito inferior ao valor de face. A partir dos sécs. XVIII - XIX, com o crescimento do comércio internacional, aumentou muito a circulação de prata sob a forma de “sycees” ou lingotes de prata, em geral emitidos por bancos privados, com peso relativamente padronizado, freqüentemente em forma de “barco” (49). Diversos banqueiros chineses também apunham marcas próprias em moedas de prata estrangeiras de várias procedências. O “peso” de 8 reales hispano-americano, na primeira metade do séc. XIX, tornara-se a única moeda utilizada pelo comércio em diversas partes do sul da China.Os coreanos emitiram imitações de moedas chinesas em vários períodos, mas até utilizaram também moedas de bronze chinesas importadas. A partir de 1633, a dinastia Yi tentou emitir uma “moeda de estabilização”, o “mun”, que foi bem sucedida e passou a ser produzida em 24 repartições públicas, incorporando, a partir de 1679 o duplo “mun” de latão. Em 1866, moedas equivalentes a 100 “mun” seriam emitidas mas logo retiradas de circulação, por terem um valor intrínseco muito inferior ao seu valor de face. Os mongóis emitiram moedas em várias regiões da Ásia central, da Turquia à China, mas foram poucas as suas emissões locais. Durante muito tempo, foram usadas moedas chinesas na Mongólia que, a partir do séc. XVII, passou a ser governada diretamente pela China, cujas moedas circularam oficialmente até o séc. XX. No Anam (hoje Vietnã), várias dinastias emitiram moeda entre 970 e o séc. XIX. Entre 1044 e 1205, cessaram as emissões locais e usaram-se moedas chinesas importadas. Nos períodos Tran (1225-1400), dos Le tardios (1428—1527), dos usurpadores do clã Mac (1587-1592) e dos Le restaurados (1592-1788), foram feitas emissões regulares, mas não muito grandes, do típico cash ou sapeque. Moedas de prata de forma retangular foram emitidas no período Gia-long (1802-20) por Nguyen Anh e depois pelos seus sucessores. Diante da escassez do cobre, fundiram-se também moedas de zinco durante o séc. XIX. No período 1820-1880, prevaleceram as emissões de barras de prata e de ouro e as de sapeques.