A coleção de moedas do Império Bizantino, também denominado Império Romano do Oriente, inicia-se com a ascensão ao trono do imperador Anastácio I, que reinou do ano 491 a 518 d.C.
Quando Justiniano I assume o governo, em 527 d.C., o Império Romano tem os mesmos limites territoriais que, na época do imperador Diocleciano 284-305 d.C, dividiu o maior império, já formado em toda história, em quatro regiões administradas independentemente, por ele e por três outros governantes. Em 308 d.C., essas regiões foram unificadas, duas a duas, formando o Império Romano do Ocidente, com sede em Roma, e o Império Romano do Oriente, com sede na cidade de Bizâncio. Em 324 o Imperador Constantino I, o Grande, reunificou o Império Romano, mudando sua capital para Bizâncio, declarando-a como a capital cristã, a qual posteriormente foi denominada Constantinopla, atual Istambul, ponto estratégico militar e de rota comercial para diversos povos da antigüidade. Em 395 d.C., o império foi definitivamente dividido entre os dois filhos do Imperador Theodosio. Em 476 d.C., quando Rômulo Augusto, o último imperador do Império Romano do Ocidente, foi deposto pelo bárbaro Odoacro, Roma deixaria de existir como a maior e mais poderosa nação do planeta.
Sob o governo de Justiniano, os limites do Império Bizantino são gradativamente expandidos. Com os persas é firmado um acordo de paz. Em direção oeste, seus generais Belisário e Narses realizam importantes conquistas na consolidação do Império: a África do Norte em 535 d.C., a Itália, em 553 e o sul da Espanha em 554 d.C. Após a morte de Justiniano, em 565, a Itália é conquistada pelos longobardos, a qual havia sido conquistada anteriormente dos ostrogodos.
O Império Bizantino, após incessantes lutas com povos árabes, turcos, bárbaros e persas, atinge sua maior extensão no período de 976-1025 d.C. Em 1203 é conquistada pelos Cruzados e finalmente em 1453 é dominada definitivamente pelos turcos otomanos.
A ARTE NAS MOEDAS BIZANTINAS
Desde o início do Império Bizantino, nota-se claramente uma tendência bastante estilizada na imagem dos governantes e nas divindades representadas. Com a escassez de dinheiro, decorrente das contínuas batalhas e constantes deslocamentos, a falta de metal nobre e principalmente de artistas especializados na arte monetária, as moedas cunhadas no primeiro período do Império são verdadeiras cópias das moedas utilizadas no final do Império Romano do Ocidente. A fim de preservar um aparente economia estável, as moedas de bronze, denominadas "Follis" passaram a ser cunhadas em dimensões maiores que as verificadas no extinto Império ocidental e verifica-se uma longevidade de circulação, em função de seu peso ser superior a unidade monetária utilizada anteriormente.
A imagem de Jesus Cristo é apresentada pela primeira vez em moedas. E as variedades são diversas. Ora em pé, ora em trono, de frente, ao lado da Virgem Maria e do Imperador. Diversas séries monetárias, em ouro, electrum, prata e bronze apresentam o busto de Cristo. São expressões jamais vistas em cunhagens que circularam por todos os povos do Oriente Médio à África, passando pela Arábia até a Espanha. É a divulgação da religião adotada por Constantino I, o Grande que, quando em confronto com o exército de Maxêncio, seu rival, encontrava-se em grande desvantagem numérica com o exercito adversário, surge no céu a imagem de uma cruz com a legenda: IN HOC SIGNUS VINCES (SOB ESTE SIGNO VENCERÁS). Constantino - segundo o biógrafo Eusébio - ordenou a todos os soldados que colocassem uma cruz em seus uniformes e a inscrição do monograma cristão IC/XC, as duas primeiras letras do nome Cristo (XRISTYS), como proteção divina, o que culminou com a vitória sobre seus inimigos. Após esse episódio, Constantino, o Grande, instituiu o cristianismo como religião oficial do império. Aliás, a cruz do calvário é representada em diversos reversos de moedas bizantinas.
A UNIDADE MONETÁRIA DO IMPÉRIO BIZANTINO
No início do Império Bizantino, a adoção de uma medida monetária similar ao utilizado no Império Romano do Ocidente e Oriente se fazia necessária para manter o comércio com os povos vizinhos. Os padrões monetários adotados inicialmente, basearam-se na emissão de moedas em ouro denominadas de solidus e de moedas cunhadas em cobre, denominadas follis submúltiplo do nummis.
O anverso era sempre comum a todas as emissões, ostentando o busto do imperador de frente, ao contrário dos romanos que em 90% das emissões eram apresentados de perfil.
Nos reversos das moedas de ouro era comum a representação de uma Victória alada com longa cruz ou da imagem de Cristo, da Virgem Maria ou de São Miguel Arcanjo. Nas de prata era comum a representação da cruz do calvário, muitas vezes associada à imagem de Cristo, da Virgem Maria e até mesmo do busto do imperador.
O Sistema Monetário Bizantino era constituído por:
OURO | PRATA | COBRE | ||||
SOLIDUS | SEMISSIS | TREMISSIS | MILIARENSE | SILIQUA | FOLLIS | NUMMUS |
1
|
2
|
3
|
12
|
24
|
180
|
7200
|
1
|
1 ½
|
6
|
12
|
90
|
3600
| |
1
|
4
|
8
|
60
|
2400
| ||
1
|
2
|
15
|
600
| |||
1
|
7 ½
|
300
| ||||
|
1
|
40
| ||||
1
|
Os reversos das moedas de cobre eram identificados por uma grande letra (no alfabeto grego ou latino), que simbolizava o seu valor facial:
DENOMINAÇÃO | VALOR | LETRA EM GREGO | LETRA EM ROMANO |
1 Follis
|
40 Nummia
|
M
|
XXXX
|
¾ Follis
|
30 Nummia
|
Λ
|
XXX
|
½ Follis
|
20 Nummia
|
K
|
XX
|
¼
Follis
|
10 Nummia
|
I
|
X
|
1/8
Follis
|
5 Nummia
|
Є
|
V
|
1/40
Follis
|
1 Nummion
|
Α
|
I
|
AS CASAS DA MOEDA DO IMPÉRIO BIZANTINO
Nome | Localização | Letra Monetária | Período de Operação |
Alexandretta |
Norte de Antiochia
| vAlign=top>
ΑЛЄЖАΝΔ
|
609-610
|
Alexandria | vAlign=top>
Egito
|
ΑΛЄΞ,ΑΛΞΟΒ
| vAlign=top>
525-646
|
Antiochia/ Theupolis |
Siria
| vAlign=top>
NA, ANTIX, ANTX, ΓΗЄ
μ
Р, P,ΘVΠΟΛS, |
512-610
|
Carthago | vAlign=top>
Norte da África
|
CAR, KAR, KART, CT, CRT
ς,
KRT
ς
| vAlign=top>
533-695
|
Carthagena |
Espanha
| vAlign=top>
-
|
560-620
|
Catania | vAlign=top>
Sicilia
|
CAT
| vAlign=top>
582-629
|
Cherson |
Crimea
| vAlign=top>
XЄPC
ω
NOC, XЄPCONOC, Π, ΠX |
527-65/582-602/
866-86/976-1025
|
Constantia | vAlign=top>
Chipre
|
KVΠPOV, KVΠPδ, KVΠP, CΠP
| vAlign=top>
610 e 629-629
|
Constantine |
Numidia (Norte da África)
| vAlign=top>
COM
|
540-541 /592-593
|
Constantinople | vAlign=top>
Atual Turquia
|
COM, CONOB, CONOS, COB
| vAlign=top>
1204-1261
|
Corinth |
Grécia
| vAlign=top>
-
|
1143-1195
|
Cyzicus | vAlign=top>
Turquia
|
KYZ, KY
| vAlign=top>
518-629
|
Isaura |
Cilicia
| vAlign=top>
ISAYR
|
617-618
|
Magnesia | vAlign=top>
Oeste de Anatólia
|
-
| vAlign=top>
1214-1261
|
Naples |
Itália
| vAlign=top>
NЄ
|
641-668 / 715-717
|
Nicaea | vAlign=top>
Turquia
|
-
| vAlign=top>
1208-1214
|
Nicomedia |
Turquia
| vAlign=top>
NIKO, NIK, NIC, NIKM, NIKOMI, NI
|
498-627
|
Nicosia | vAlign=top>
Chipre
|
-
| vAlign=top>
1184-1191
|
Perugia |
Itália Central
| vAlign=top>
P
|
552-553
|
Phillippopolis | vAlign=top>
Thrace (Norte da Grécia)
|
-
| vAlign=top>
1092
|
Ravenna |
Norte da Itália
| vAlign=top>
RAV, RA, RAB, RAVEN, RAVENNA
|
540-751
|
Roma | vAlign=top>
Itália
|
ROM, ROMA, RO , R , ROMOB.
| vAlign=top>
741-775
|
Salona |
Costa da Dalmácia
| vAlign=top>
-
|
527-565
|
Sardinia | vAlign=top>
Itália
|
S
| vAlign=top>
695-715
|
Seleucia |
Sul de Anatólia
| vAlign=top>
SЄLIS
μ,
SEL' |
615-617
|
Syracuse | vAlign=top>
Itália
|
SECILIA, SCL, CVPAKOVCI
| vAlign=top>
582-602
|
Thessalonica
| vAlign=top>
Norte da Grécia
|
TЄS, ΘЄC, ΘЄS, THESSOB, TESOB, THSOB
| vAlign=top>
630 / 1081-1118
|
AS LEGENDAS E INSCRIÇÕES
Abaixo, estão relacionadas as inscrições que mais freqüentemente aparecem nas moedas bizantinas:
CONOB - (constantinopolis obryciacus) no exergo -CON (stantinopolis) OB(ryciacus)
DN - (Dominus Noster)
SERV CHRISTI - (Servvus Christi)
IHS CRISTUS REX REGNANTIUM - (JESUS CRISTO Rei dos Reis)
PF AVG - (PIVS FELIX AVGVSTVS)
МР ΘΡ - (Mãe de Deus)
ЄΜΜΑΝΟVHΛ - (Deus está conosco)
ΙΧ ΧС - (Jesus Cristo)
ΙħSЧS XRISTЧS ЬΑSILЄЧ ЬΑSILЄ - (Jesus Cristo Rei dos Reis)
ЬΑSILЄЧS ROМAIOΝ - (Rei dos Romanos)
P.P. AVG - P (er) P (etuus) AVG (ustus)) - (Augustus perpétuo)
Fonte: www.angelinicoins.com