João, Afonso e Sebastião


D. João foi o vigésimo primeiro Rei de Portugal e o primeiro da quarta dinastia. Filho do duque de Bragança e de D. Ana Velasco y Girón (dama espanhola), nasceu em Vila Viçosa a 18 de março de 1604. Por via paterna era trineto do rei D. Manuel I de Portugal, através da duquesa D. Catarina, infanta de Portugal, sua avó paterna.Casou-se com D. Luísa de Gusmão em 12 de Janeiro de 1633, poucos anos após suceder seu pai na Casa e Ducado de Bragança (29 de Novembro de 1630).Subiu ao trono português em 15 de dezembro de 1640, com a aprovação do clero, nobreza e do povo.

Por haver restaurado a independência nacional em 1640, passou a ser conhecido como O Restaurador, recuperando a soberania portuguesa, dando ao país poder econômico, militar, político e prestígio, pondo fim a 60 anos de ocupação espanhola.

Nas moedas de ouro, manteve a tradição filipina de cunhar cruzados, usando seu escudo. Foram cunhados, em grande quantidade, nas Casas da Moeda de Lisboa, Porto, Évora, Baçaim, Chau e Goa.

Foto da capaDevido às guerras pela independência, muitas dessas moedas se perderam, sendo recolhidas às Casas de Fundição. Assim, poucas chegaram aos nossos dias, o que terminou por lhes conferir um elevado grau de raridade.

Foi durante o seu reinado que se deu a ocupação holandesa no Brasil, período em que foram cunhadas as primeiras moedas em solo brasileiro.




D. Afonso nasceu em Lisboa, em 21 de Agosto de 1643. Após o falecimento de seu pai, subiu ao trono em 1656. Sendo ainda menor, o estado foi regido por sua mãe, até 23 de junho de 1662, quando tomou posse do governo, nomeando para o cargo de primeiro ministro o Conde de Castelo Melhor, homem capaz que, em poucos anos, contribuiu enormemente para o equilibrio das finanças públicas.

D. Afonso VI casou-se com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia que terminou voltando-se contra o próprio marido, apoiando o cunhado, o infante D. Pedro que, por sua vez, apoiado por vários nobres, declarou seu irmão como incapaz, sugerindo que lhe passassem o governo. Após o auto de desistência de 23 de Novembro de 1667, D. Afonso VI teve sua liberdade cerceada e foi privado de sua coroa.

Inicialmente foi confinado nos aposentos do Paço e em 1669 foi enviado, em exílio, à Ilha Terceira nos Açoures, de onde regressou em 1674, passando seus últimos 9 anos de vida em cárcere privado no palácio real de Sintra.

Ali, veio a falecer em 12 de Setembro de 1683. Seus restos mortais se encontram na Igreja de S. Vicente de Fora.

As moedas originais de 4 cruzados, dos reis da 3ª Dinastia, Filipe I, Filipe II e Filipe III, em sua origem circulavam valendo 1600 reais. As de 2 cruzados e 1 cruzado, valiam 800 e 400 reais, respectivamente. 

No início da 4ª Dinastia, com D. João IV e, seguidamente, com D. Afonso VI, sofreram reajustes em seus valores; seja por decreto sem aplicação de contramarcas, o que aconteceu no governo de D. João IV, ou através da aplicação de carimbos coroados nos governos de D. Afonso VI e D. Pedro II, incluindo o período de regência deste último. 

Os elevados gastos com os esforços de independência haviam criado sérios problemas nas finanças da coroa e, assim, em março de 1644, D. João IV determinou, em Alvará, um primeiro levantamento (mesmo sem aplicação de contramarcas) nos valores dessas moedas de ouro que passaram a correr por 3000, 1500 e 750 réis, respectivamente. Em maio de 1646, um novo reajuste elevou seus valores. 

Durante o reinado de D. Afonso VI, as contramarcas usadas foram as seguintes: carimbo 1 coroado, 2 coroado e 4 coroado. Durante a regência de D. Pedro, foram usados os carimbos 1100 coroado, 2200 coroado e 4400 coroado, e no reinado de D. Pedro II, a esfera coroada, esta última para combater o cerceio. Podem aparecer singularmente ou combinados.

Os 4 cruzados, cunhados até D. Filipe III (1621 - 1640), inicialmente circulavam em Portugal valendo 1600 réis. Com a Restauração da Independência e a chegada de D. João IV ao poder, foi promulgada legislação vária sobre a cunhagem e a revalorização do cruzado e de seus sub-múltiplos (2 cruzados e 1 cruzado).

Essas moedas contramarcadas com a autoridade desses monarcas tiveram curso legal no Brasil. No caso de D. Afonso VI, a legalidade da circulação desse numerário ficava a cargo de Vasco de Mascarenhas, o Conde de Óbidos, administrador colonial português.


D. Sebastião, filho do príncipe D. João e de D. Joana, nasceu a 20 de janeiro de 1554, algumas semanas depois da morte de seu pai. Neto, por via materna, do imperador Carlos V, com apenas 3 anos de idade herdou a coroa após a morte do seu avô paterno, D. João III, em 11 de junho de 1557. Durante sua menoridade, foi regente a rainha D. Catarina.

Um período de desavenças entre a regente e o cardeal D. Henrique, investido do cargo de inquisidor geral, antecederam a posse definitiva do reino por D. Sebastião que o assumiu plenamente em 20 de janeiro de 1568, entregando-se à relização de um de seus sonhos; a conquista do norte da África.

Alheio aos conselhos de quem tentou dissuadi-lo, o jovem rei terminou pagando, com a própria vida, os seus erros, vindo a sucumbir na Batalha de Alcácer-Kibir, em 4 de agosto de 1578.

Os restos mortais de quem se supõe ser D. Sebastião I, encontram-se na Igreja de Bélem. Foi durante o seu governo, mais precisamente a partir de 1575, que a palavra réis (plural irregular de real), ao invés de reais, passou a constar na escritura dos documentos.


Quando Pedro Álvares Cabral chegou ao litoral da Bahia, era rei de Portugal D. Manuel. A partir do descobrimento do Brasil, com o passar dos anos, aos poucos foi sendo criada a nossa unidade monetária.

A princípio, exploradores, degredados, piratas, aventureiros e mercenários chegavam quase sempre de passagem. À exceção dos criminosos e exilados, a maioria pouco tempo permanecia na terra recém-descoberta. O comércio de então praticamente inexistia e, provavelmente, quem por ali passava, apenas se beneficiava da abundância da terra para suprir suas naus de víveres, água, frutas e, eventualmente, praticar algum “escambo” com os nativos locais. Dali partiam para as aventuras de além-mar, provavelmente a caminho das Índias, tida como lugar de comércio, muitas especiarias e outros produtos manufaturados.

A partir de então muito tempo se passou; até que os primeiros povoados - se é que poderiam ser chamados assim, pois na verdade eram apenas algumas habitações muito rudes, feitas de pau-a-pique, palha, barro, etc - começassem a surgir na nova terra; com grande probabilidade, criados pela necessidade dos que ali chegavam sem muitas opções. Era o caso dos exilados por motivos políticos, delinquentes condenados por crimes comuns ou homens que fugiam de um castigo mais severo por terem praticado delitos graves.

Com o tempo a Colônia foi crescendo e, devido ao florescente comércio do pau-brasil, mais e mais homens foram chegando, a essa altura acompanhados de amigos e inteiros grupos familiares.

Devido a pouca infra-estrutura, sequer se cogitava de ali cunhar moeda. Mesmo porque, as que eram trazidas pelos viajantes cumpriam com seu papel nas poucas transações comerciais envolvendo numerário metálico. Com a gente que chegava e se instalava, o comércio cresceu e as “moedas estrangeiras nômades” que antes chegavam de passagem, com o tempo foram “sedentarizando”. O ouro não circulava no comércio comum; era destinado às transações nas Metrópoles, geralmente se prestando aos negócios da Corte. Por outro lado, a prata abundava. A proximidade com as minas de Potosi, explorada pelos espanhóis, facilitava o fluir do metal, fosse bruto ou amoedado nas oficinas hispânicas.

A bem da verdade, foram os holandeses a dar início ao processo, quando durante a ocupação do litoral de Pernambuco, em situação de cerco, cunharam as primeiras moedas na Colônia, num primeiro momento em ouro com o nome Brasil e, seguidamente, em prata sem alusão ao nome da terra.

A partir de 1643, sucessivas evoluções históricas e monetárias aconteceram durante os reinados de D. João IV e D. Afonso VI que, juntamente com D. Pedro II e D. João V, estão intimamente ligados à numismática brasileira.

Todavia, preocupado com a manutenção das terras conquistadas por seus antecessores D. João III e D. Manuel I, D. Sebastião I foi quem, pela primeira vez, oficializou a circulação de moeda na Colônia.

A Provisão de 3 de março de 1568 é o primeiro documento que atesta a circulação de moeda metálica no Brasil. Nela, El-Rei D. Sebastião baixa o valor da moeda de cobre que estava circulando no reino e na Conquista Portuguesa na América. Era esse monetário primevo constituído dos seguintes espécimes de cobre: 10 reais, 5 reais, 3 reais e, finalmente, a moeda denominada real.
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