As cidades gregas ocupam na história das moedas um lugar de grande
destaque. Sua tradição numismática propagou-se ao longo dos séculos por
todo o planeta, diretamente ou mediante uma complexa rede de
influências. Na esteira de Alexandre Magno, cujas tropas se apoderaram
da riqueza em metais acumulada pelos potentados do Oriente Próximo e
transformaram-na em moedas, essa tradição expandiu-se consideravelmente
em torno do Mediterrâneo.
Após haver utilizado lingotes de bronze de inspiração etrusca, Roma cunhou suas primeiras moedas no século III a.C., sob a influência das cidades gregas do sul da Itália. A colonização romana deu em seguida à numismática um impulso somente igualado pelo da expansão colonial européia do século XIX e início do século XX.
Além das fronteiras do Império Romano, os sassânidas perpetuaram uma prática numismática que denotava forte influência helenística – transmitida pelos partas, cujo império, fundado entre os séculos III e II a.C., em seu apogeu estendeu-se do Eufrates ao Afeganistão. Essa tradição helenística também influenciou as primeiras cunhagens islâmicas, enquanto a tradição romana perpetuou-se na cristandade européia.
Um processo similar ocorreu na Índia, que em sucessivas etapas sofreu a influência direta e indireta da Grécia, com a chegada das tropas de Alexandre, seguindo-se os contatos com o império romano e finalmente a colonizações muçulmana e européia
Quando os conquistadores espanhóis chegaram ao México, no século XVI, os grãos de cacau faziam as vezes de moeda. Os cronistas notaram, com assombro: o dinheiro crescia nas árvores.
Naquela época existiam três grandes regiões produtoras de cacau: a de Chontalpa e Soconusco (México), e a região do rio Ulua (Honduras). A produção e a circulação de cacau, assim como seu consumo, eram fortemente controladas por nobres e mercadores do vale do México e de Iucatã. Os baixos rendimentos do cultivo e as dificuldades do transporte aumentavam o custo social do cacau e, em conseqüência, seu preço.
Como outras moedas primitivas, o cacau não cumpria todas as funções próprias a um instrumento monetário. Assim, apesar de ser o principal meio de intercâmbio, tanto os astecas como os maias utilizavam como medida de valor a manta (quachtli), peça de algodão que representava uma quantidade determinada de força de trabalho, isto é, de valor. Em Iucatã a manta equivalia a 450 horas de trabalho. Apesar de não conhecermos o equivalente em horas de trabalho da manta do tributo asteca, sabemos, por outro lado, que seu valor em cacau era de 100 grãos, aproximadamente, segundo as flutuações da produção.
Pode-se afirmar, então, que o valor (em força de trabalho) da maioria dos bens que circulava podia ser expresso em cacau, enquanto o preço deste só podia ser fixado em mantas, cujo valor era invariável. A impossibilidade de fragmentar a manta e a conseqüente necessidade de um meio circulante dariam origem ao uso “monetário” do cacau, determinando a conversão recíproca entre o cacau e a manta.
Com o cacau, os antigos mexicanos preparavam uma bebida cerimonial cujo consumo ficava restrito aos nobres e aos guerreiros: o chocolate. Uma forte restrição pesava sobre o consumo do cacau, e os plebeus só podiam beber pulque, bebida alcoólica obtida do agave. Este tabu reforçava o poder da nobreza, pois eram atribuídas ao chocolate propriedades mágicas: era o alimento dos deuses.
Talvez fosse associado ao chocolate o sangue dos sacrifícios humanos oferecidos aos deuses, e especificamente do sacrifício que consistia em arrancar o coração das vítimas em honra ao deus Quetzalcóatl-Kukulcã (a serpente emplumada).
Segundo os mitos mexicanos, Quetzalcóatl, “jardineiro do paraíso”, introduziu o cultivo do cacau entre os homens quando vivia em Tula, e ao partir para o litoral enterrou o “dinheiro” que circulava então: conchas, plumas e pedras preciosas. Então a moeda-cacau se revestiu dos atributos mágicos do deus do qual se originara.
Os astecas foram os últimos senhores do vale do México. Esse florescente império, baseado no domínio sobre os povos que até então haviam disputado a posse do vale, devia sua prosperidade ao tributo de 38 províncias. Entre elas a de Soconusco, que, segundo o Código Mendoza, tributava 400 cargas de cacau das 980 que o Estado consumia.
Após haver utilizado lingotes de bronze de inspiração etrusca, Roma cunhou suas primeiras moedas no século III a.C., sob a influência das cidades gregas do sul da Itália. A colonização romana deu em seguida à numismática um impulso somente igualado pelo da expansão colonial européia do século XIX e início do século XX.
Além das fronteiras do Império Romano, os sassânidas perpetuaram uma prática numismática que denotava forte influência helenística – transmitida pelos partas, cujo império, fundado entre os séculos III e II a.C., em seu apogeu estendeu-se do Eufrates ao Afeganistão. Essa tradição helenística também influenciou as primeiras cunhagens islâmicas, enquanto a tradição romana perpetuou-se na cristandade européia.
Um processo similar ocorreu na Índia, que em sucessivas etapas sofreu a influência direta e indireta da Grécia, com a chegada das tropas de Alexandre, seguindo-se os contatos com o império romano e finalmente a colonizações muçulmana e européia
Quando os conquistadores espanhóis chegaram ao México, no século XVI, os grãos de cacau faziam as vezes de moeda. Os cronistas notaram, com assombro: o dinheiro crescia nas árvores.
Naquela época existiam três grandes regiões produtoras de cacau: a de Chontalpa e Soconusco (México), e a região do rio Ulua (Honduras). A produção e a circulação de cacau, assim como seu consumo, eram fortemente controladas por nobres e mercadores do vale do México e de Iucatã. Os baixos rendimentos do cultivo e as dificuldades do transporte aumentavam o custo social do cacau e, em conseqüência, seu preço.
Como outras moedas primitivas, o cacau não cumpria todas as funções próprias a um instrumento monetário. Assim, apesar de ser o principal meio de intercâmbio, tanto os astecas como os maias utilizavam como medida de valor a manta (quachtli), peça de algodão que representava uma quantidade determinada de força de trabalho, isto é, de valor. Em Iucatã a manta equivalia a 450 horas de trabalho. Apesar de não conhecermos o equivalente em horas de trabalho da manta do tributo asteca, sabemos, por outro lado, que seu valor em cacau era de 100 grãos, aproximadamente, segundo as flutuações da produção.
Pode-se afirmar, então, que o valor (em força de trabalho) da maioria dos bens que circulava podia ser expresso em cacau, enquanto o preço deste só podia ser fixado em mantas, cujo valor era invariável. A impossibilidade de fragmentar a manta e a conseqüente necessidade de um meio circulante dariam origem ao uso “monetário” do cacau, determinando a conversão recíproca entre o cacau e a manta.
Com o cacau, os antigos mexicanos preparavam uma bebida cerimonial cujo consumo ficava restrito aos nobres e aos guerreiros: o chocolate. Uma forte restrição pesava sobre o consumo do cacau, e os plebeus só podiam beber pulque, bebida alcoólica obtida do agave. Este tabu reforçava o poder da nobreza, pois eram atribuídas ao chocolate propriedades mágicas: era o alimento dos deuses.
Talvez fosse associado ao chocolate o sangue dos sacrifícios humanos oferecidos aos deuses, e especificamente do sacrifício que consistia em arrancar o coração das vítimas em honra ao deus Quetzalcóatl-Kukulcã (a serpente emplumada).
Segundo os mitos mexicanos, Quetzalcóatl, “jardineiro do paraíso”, introduziu o cultivo do cacau entre os homens quando vivia em Tula, e ao partir para o litoral enterrou o “dinheiro” que circulava então: conchas, plumas e pedras preciosas. Então a moeda-cacau se revestiu dos atributos mágicos do deus do qual se originara.
Os astecas foram os últimos senhores do vale do México. Esse florescente império, baseado no domínio sobre os povos que até então haviam disputado a posse do vale, devia sua prosperidade ao tributo de 38 províncias. Entre elas a de Soconusco, que, segundo o Código Mendoza, tributava 400 cargas de cacau das 980 que o Estado consumia.