HISTÓRIA DA MOEDA - 02 DISTANTE DO ESCAMBO

As trocas nas sociedades comunitárias eram, portanto, bem mais complexas que as práticas rudimentares representadas pelo escambo.
Primeiro, porque os produtos trocados percorriam grandes distâncias desde tempos muito remotos, conforme o demonstram as marcas concretas deixadas por matérias não-perecíveis, como o âmbar e a obsidiana. Alguns desses produtos foram encontrados a centenas de quilômetros de seu lugar de origem – do sul da Austrália às orlas setentrionais da Nova Guiné, do mar Negro à Polônia e à Renânia.
Já no Paleolítico superior, o homem de Cro-Magnon conhecia em Eyzies, na Dordonha, sul da França, conchas provenientes do oceano Atlântico, à distância de 200 km.
Em estágios posteriores, cada sociedade passou a produzir, com a finalidade de troca, uma mercadoria específica (machados de pedra, barras de sal, cerâmica, cortiça), que se convertia no meio de pagamento da produção adquirida de outros grupos.
Finalmente, surgiram no seio dessas sociedades grupos especializados na função de intermediar mercadorias, percorrendo, para tanto, dezenas ou até centenas de quilômetros.
Estavam, portanto, muito distantes do escambo, no qual as mercadorias funcionavam como meios de pagamento recíprocos, sem intermediários na troca. Entretanto, o desenvolvimento da função de conta era ainda limitado: não se concebia o preço relativo dos bens trocados como uma relação objetiva, mas como a expressão de uma relação social entre indivíduos e comunidades. O motor do desenvolvimento monetário ainda não era o mercado.
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