Augusto Ruschi
As escolas brasileiras não falam
mais sobre certos assuntos ou personalidades que fizeram parte da historia do
nosso pais, temos o péssimo costume de lembrar apenas de políticos e
autoridades judiciárias quando temos que batizar uma rua ou uma praça, mas em
meu blog gosto de contar a historia de brasileiros ilustres que verdadeiramente
contribuíram para o crescimento e desenvolvimento desse vasto pais! Por isso
vamos falar desse brasileiro nascido em Santa Teresa no dia 12 de dezembro de 1915,
foi um agrônomo, ecologista e naturalista. É o Patrono da Ecologia no Brasil
e um dos ícones mundiais da proteção ao meio ambiente.
O interesse pelo estudo de insetos e outros animais
desde a infância, permitiu que conhecesse a fundo diversos ramos da biologia.
Quando adulto, tornou-se professor titular da UFRJ e pesquisador do Museu
Nacional, com vasta produção técnico-científica. Ajudou no combate a pragas na
agricultura, na implantação de diversas reservas ecológicas brasileiras, como o
Parque Nacional do Caparaó, e na divulgação científica acerca da natureza,
produzindo cerca de 450 trabalhos científicos, 22 livros e um grande acervo
sobre a Mata Atlântica. Montou 2 instituições científicas (a saber, o Museu de
Biologia Professor Mello Leitão e a Estação Biologia Marinha Ruschi) e também
colaborou na elaboração da Fundação Brasileira de Conservação da Natureza
(FBCN).Defensor atuante e notório do meio ambiente, envolveu-se em brigas
públicas com empresas e autoridades pela preservação ambiental, principalmente
de “matas virgens com milhares de formas de vida em equilíbrio”. Em
1977, atritou-se fortemente com o então Governador do Espírito Santo, Élcio
Álvares, que decretou que fosse instalada uma fábrica de palmito na Reserva
Biológica de Santa Lúcia. Nessa reserva havia milhares de orquídeas e árvores
catalogadas com placas de identificação, sendo uma das regiões mais ricas em
biodiversidade do mundo, mantida intacta por Ruschi por mais de 40 anos. O
pesquisador ameaçou matar o governador dentro do Palácio do Governo.
Augusto Ruschi era autoridade mundial em beija-flores
e orquídeas; foi um dos primeiros homens a denunciar os efeitos danosos do DDT
(utilizado na agricultura) sobre a natureza; a enfrentar a ditadura militar e
denunciar o início da derrubada da Floresta Amazônica; a prever a escassez de
água no mundo; a prever o aquecimento global; a denunciar o efeito danoso da
agricultura em larga escala, com fertilizantes e agrotóxicos. Atribui-se ao
brasileiro a ideia original das reservas ecológicas como espaços de preservação
de espécies.
Em 1985, a saúde já fragilizada por várias malárias e
esquistossomoses que contraiu durante as pesquisas de campo, tornou-se ainda
mais frágil como efeito da hepatite C que o acometia. Anos antes, também havia
sido envenenado por sapos dendrobatas no Amapá, cujo veneno pode ter
comprometido as funções hepática e renal. No dia 23 de janeiro de 1986
reuniu-se com índios no Parque da Cidade, no Rio de Janeiro, para um ritual
indígena de purificação e cura dos males, após diversos tratamentos médicos
convencionais. O evento comoveu o Brasil, tendo repercussão internacional.
Morreu no dia 3 de junho, após agravamento do quadro de saúde. A seu pedido foi
enterrado no solo da Reserva Biológica de Santa Lúcia, e coincidentemente, no
dia 5, Dia Mundial do Meio Ambiente.