Muitas vezes analisamos
uma peça e nos perguntamos se as pessoas representadas são verdadeiras ou
somente ilustrações criadas por algum artista. A cédula de R$10,00 Reais
alusiva as comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, nos
oferece essa curiosidade, pois em seu reverso podemos observar o mapa
digitalizado e várias figuras humanas. Estas figuras humanas são os alvos de
nosso artigo e pesquisa.
Segundo a Casa da Moeda, as fotos foram desenhadas e colocadas
na cédula para representar o povo brasileiro em sua diversidade. A cédula foi lançada
em 2000, e como dito anteriormente, trata-se de uma peça comemorativa. A cédula
não caiu nas graças do povo devido sua qualidade duvidosa e durabilidade questionável.
Ela começou a ser retirada de circulação em outubro de 2006, hoje em dia, é
muito difícil vê-la no meio circulante.
Deixando de lado a
qualidade questionável e os motivos comemorativos, temos as figuras humanas
representadas. Agora vamos descobrir quem são as pessoas que ainda nos anos 90 emprestaram seus rostos para que esta peça fosse concebida e chegasse em nossas mãos no ano 2000.
A
CABOCLA - Rose Machado,
moradora da cidade de Seropédica, no Rio de Janeiro, foi a escolhida. Então com
16 anos, Rose era a segunda opção para aparecer na cédula. Uma garota que
morava à beira do rio Amazonas era a principal concorrente, mas com a
dificuldade de ir até o amazonas, e lá conseguir a autorização de uso da
imagem, a equipe preferiu ficar optar pela foto de Rose. Uma foto mais acessível.
O
HOMEM DO CAMPO - Cícero
Lourenço da Silva foi o único fotografado a receber um cachê. Cícero recebeu pela
imagem, algo em torno de R$ 800,00 reais. O nosso homem do campo é Natural de
Bezerros - PE, na época em que a imagem foi feita, trabalhava como jardineiro
em um condomínio de Atibaia, no interior paulista. Ele emigrou para São Paulo
em 1985, fugindo da seca e da fome que assolava o nordeste.
O
HOMEM NEGRO – Para esta
imagem foi utilizada a figura do funcionário aposentado da Casa da Moeda Luiz
Clóvis de Moura. Ele aparece na cédula de R$10,00 reais e representa a raça
negra. Uma parte muito importante da diversidade brasileira.
O
HOMEM BRANCO – Também
funcionário da Casa da Moeda, Amilton Monteiro Júnior, foi escolhido para
representar o “homem branco”. A escolha e opção por funcionários da própria
Casa da Moeda, acabou facilitando o processo de liberação dos direitos de
imagem.
MULHER
BRANCA – Figura representada
pela imagem de Maria Crivella Ramos, ela não era funcionária da Casa da Moeda,
mas era sobrinha de um dos funcionários.
CASAL
DE CRIANÇAS NEGRAS - A
imagem do casal de crianças negras que aparece na cédula foi retirada de um
livro sobre o Quilombo dos Palmares. Infelizmente nem a casa da moeda e nem o
livro de onde foram retiradas as imagens conseguiram identificar as crianças. O
direito de imagem foi cedido pelo livro que tinha a propriedade da imagem, até
hoje não se sabe o nome das crianças.
CASAL
DE ÍNDIOS - Os dois
índios ilustrados na cédula, fazem parte da Tribo dos Carajás. A imagem
utilizada foi cedida pelo Museu do Índio, administrado pela Funai, o museu está
localizado no Rio de Janeiro. A equipe do museu mantém um acervo audiovisual
composto principalmente por documentos e fotos dos indígenas brasileiros.
A
FAMÍLIA – A imagem que
nos remete a família tem como personagens ilustrados, o mestre de obras Ariosto
Ribeiro Conceição, ao lado de sua vizinha, a menina Natália Guimarães dos
Santos. Na época, os dois moravam na cidade de Itaguaí (RJ), mas só se
conheceram na hora da foto. Você pode até se perguntar, porque não escolheram
um pai e uma filha de verdade, mas isso nem a casa da moeda soube explicar.
Certamente a cédula de
R$10,00 Reais de 2000, é uma das poucas na história monetária do Brasil em que
podemos conhecer um pouco sobre as personalidades anônimas ilustradas em suas alegorias.
Uma curiosidade que enriquece ainda mais a catalogação desta peça da notafilia
brasileira.
Fontes pesquisadas: Casa
da Moeda do Brasil / Guia dos Curiosos / Imagens: Coleção Bruno Diniz / Complementos: Bruno Diniz
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