O troco do cobre



A falsificação das moedas de cobre depois da Independência começou a atingir os limites do insuportável, ameaçando as finanças públicas. O descalabro atingia tal nível que até as autoridades da época aceitavam os cobres falsos em pagamento de impostos. Uma cidade de Minas Gerais concentrava uma produção tão aberta que passou a ser chamada de Moeda, mas eram falsificados até nos Estados Unidos! Foi na Bahia que primeiro surgiu a idéia de trocar todo o cobre circulante por papel moeda. A sugestão veio do cônsul inglês que, a julgar por alguns documentos, interferia abertamente na política local. Há uma carta do presidente da província ao Imperador que diz: "O Cônsul inglês (...) me sugeriu aquele plano, e até me lembrou ( pelo conhecimento que tem na probidade e do talento do indivíduo) que um dos comissários nomeados deverá ser o desembargador Luís Paulo de Araújo Basto, membro da Câmara dos Deputados, que, reunindo em verdade tais qualidades, reúne também a de ser membro do corpo legislativo".
Decidida em 1827 a retirada das moedas em circulação e a troca forçada por papel, foram nomeados comissários para fiscalizar a operação. O afilhado do cônsul, apesar da honestidade apregoada, não foi aceito. O Troco do Cobre teve grande receptividade. Alguns exemplares resistiram ao tempo e são muito valiosos.
Os falsários agiam em todo o país obrigando o Tesouro a criar legislação punitiva: "A moeda de cobre falsa será cortada e entregue a quem pertencer. Julgar-se-á falsa e, como tal, sujeita a todas as disposições a respeito, a moeda de cobre que for visivelmente imperfeita em seu cunho, ou que tiver de menos a oitava paret de seu peso...".
Bahia emitiu as cédulas do Troco do Cobre em valores que vão de 10 a 100 mil-réis. No Ceará há registro de apenas uma de 500 réis. Há emissões nacionais. A primeira é de 1833, valores diversos, assinadas pelo "Thesoureiro do troco". Ainda em 1833 foi lançada uma segunda série discriminando a província em que deveria circular. Há uma emissão da República de Piratininga. Recomendo a leitura de Dinheiro Antigo do Brasil, de F. dos Santos Trigueiros. Fonte de parte das informações desta matéria.
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